Um “dedim” de prosa sobre Assaré
Não foram os da Silva Pereira os primeiros a chegar às terras que constituem o território do primitivo Assaré.
Com essa afirmação não queremos contestar que seja Alexandre da Silva Pereira o fundador de Assaré, mas convém lembrar que o município originou-se de uma fazenda, muito embora não fora a única, porém foi a que mais prosperou o que deu direito de se tornar vila.
Alexandre da Silva Pereira adquiriu do Capitão João Alves Feitosa e sua mulher Maria Alvas Feitosa através de permuta de umas terras herdada de seu pai, Manoel da Silva Pereira, em São João do Príncipe, hoje Tauá, as sesmarias em 12 de dezembro de 1785, por escritura lavrada no lugar Boa Viagem, escrita pela mão do Frei Antonio Monte Alverne, com a permuta Alexandre ainda pagou mais $ 500.000 (quinhentos mil reis).
SESMARIAS: Área de terras, concedida pelo poder público, na área colonial, medindo uma légua de frente e três léguas de fundo. Mais precisamente 13.068 hectares de mata.
Ao estabelecer-se com sua família, Alexandre um homem de visão e empreendedorismo torna esse vasto campo em solo fértil apropriado à produção de algodão e a criação de gado e pelo fato da localização da sede ser o melhor caminho que ligaria as regiões do Cariri e Inhamuns, onde todo o escoamento da produção agrícola do sul do Ceará era armazenado e escoado a capital da província, tornou-se esse torrão um entreposto comercial, o que contribui para tornar logo um povoado.
Visando promover o povoamento Alexandre da Silva Pereira, seguindo a tradição nordestina, muito embora sua origem é portuguesa, começa a estruturar a fazenda,. Construindo a casa na sede, que segundo historiadores ficava na rua de baixo, que atualmente leva seu nome.
É certo que Alexandre da Silva Pereira não precisou brigar com os povos indígenas, os verdadeiros donos da terra, pois os mesmos já tinham abandonados sua região, se tem noticia que a ultima nação indígena dessa região foram os Karius, que foram dizimados na briga dos Feitosas do Inhamuns contra os Montes do Icó.
Vale ressaltar que com a posse dos Feitosas das sesmarias, que hoje é o nosso município, eles usaram os índios Karius na briga entre as duas famílias, contribuindo pela sua dizimação.
Sabe-se que essa região foi palco de vários conflitos indígenas, os primeiros donos são os Karius que foram expulsos de seu habitat em função da expulsão dos Kariris da região do Crato, Missão Velha, Barbalha, o Cariri Central, pela nação Tupi, que também foram expulsos do litoral nordestino.
Muitas influencias indígenas nós herdamos: na alimentação, na vestimenta, no comportamento, inclusive o nome do nosso torrão: para Paulino Nogueira, Assaré significa, corruptela de Içá; para Barão de Studart e Teodoro Sampaio, Aço, seguido da partícula afirmativa Ré, significa atalho, já o índio Cariri-Xocó, Nhenety, afirma que Aça – quer dizer olhos e Ré, sagrado, portanto em Kariri Acare quer dizer Olhos Sagrados, na língua dos Karius não temos informações, pois não existe nenhuma referencia atual com relação a remanescentes dessa nação indígena.
É importante salientar que ao se estabelecer com a família Alexandre de Silva Pereira trouxe escravos, que naquela época era única mão de obra existente, que contribuiu para formação de nosso povo, tanto geneticamente como nos costumes.
O inteligente proprietário aproveitando da facilidade de comunicação
E acesso entre regiões mais distantes, porque cruzavam as mais transitadas estradas daquela época: o Cariri ao Inhamuns por conseguinte ao Piauí,
O que contribuiu para o crescimento do povoado, que alem de se tornar um entreposto um centro de transição comercial.
Se tem noticia que visando o povoamento fez o proprietário diversas doações de terras para os parentes e amigos não esquecendo de deixar uma parte do patrimônio para futura freguesia.
A educação dos que aqui vieram ficar, inclusive a prole dos donos destas terras, Alexandre tratou de trazer um mestre de leitura, rezar e latim que era dirigida pela palmatória de José Serafim, isso aconteceu no século XVIII.
Sabemos que no período colonial os povoamentos cresciam lentamente, porém em 1823 um fato marcou o crescimento de Assaré, que tinha somente algumas moradias em torno da capelinha, que fora erguida por Alexandre Pereira sobre as bênçãos de N.S. das Dores, nossa padroeira, que também serviu de cemitério. O referido de fato, conhecido como a marcha do Caxias, que tinha a finalidade de sufocar os rebeldes do Piauí, o que transformou o povoado em um campo de concentração sob as ordens do comandante João da Silva Pereira, filho do nosso fundador.
Após três meses de acampamento, Tristão Gonçalves nomeado General em Chefe transfere o acampamento na Várzea de Vaca, sabe-se que Tristão Gonçalves e João Pereira eram opositores, mas sob a intervenção do Diácono Antonio Pereira, parente de ambos.
Mesmo com a saída das tropas o povoado continuou sendo um importante entreposto comercial e importante centro de criação, somente inferior a Quixeramobim e Tauá.
Após oito anos, 1831, ia ser elevado a distrito de paz, entretanto com a revolução encabeçada por Pinto Madeira irrompeu no Cariri correrias de liberais e concundas, causando aos nossos habitantes maiores deslocações, onde imperavam roubos, assassinatos, um anarquismo generalizado.
Somente em 1838, com o fim da revolução, passa à freguesia, no dia 1º de agosto, entretanto o local escolhido não foi o Assaré, mas em Santana do Brejo Grande (Santana do Cariri), num lugar despovoado, sem vias de comunicação, o contrario de Assaré que alem de ser mais povoado oferecia melhores condições para a sede da freguesia, nessa época Alexandre era o octagenário.
Em 1842, Assaré era elevado a distrito de paz, sendo nomeado juiz o capitão Antonio Gonçalves de Alencar Tamiarana, no mesmo começa a construção da igreja matriz, lugar que existia uma antiga igrejinha.
No ano de 1844 foi construído o açude bangüê, depois chamado de Nossa Senhora das Dores.
Sob a lei provincial nº.520 de 04 de dezembro de 1850 é transferida a sede de freguesia de Santana do Brejo Grande para o Assaré, isso ocorreu em virtude do assassinato de um Padre nos arredores do, hoje, distrito de Aratama e em retaliação a este fato Assaré passa a freguesia.
Em plena guerra da tríplice aliança: Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai, um verdadeiro genocídio aplicado a esse país que vivia num sistema verdadeiramente socialista, onde sem dúvida se não acontecesse esse massacre humano, Paraguai seria hoje uma das maiores potencias do mundo, não em armamento, mas em qualidade de vida do seu povo, uma pagina que nós não queremos registrar como um fato histórico, mas como desrespeito que o império brasileiro proporcionou, que denigre a historia de nosso povo que é marcado pela perseverança e pelos desgovernos que contribuíram pelo o status que de nossa sociedade.
Voltando aos fatos históricos de nosso município que foi criado sob resolução provincial de nº. 1.152, de 19 de julho de 1865, o Assaré é desmembrado de Saboeiro, entretanto somente a nova vila fora instalada em 11 de janeiro de 1869.
Em 1873 sob a lei nº. 1787, de 28 de dezembro, a comarca de Saboeiro é transferida para vila de Assaré, sendo seu primeiro juiz de Direito o Dr. Sousa Lima, que depois foi presidente da província do Piauí e que foi substituído pelo Dr. Francisco Garcia e em seguida pelo Dr. Manuel Candido Machado.
Em três de dezembro chegou o convite ao chefe dos liberais de Assaré o capitão Francisco Gomes de Oliveira Braga para comparecer urgente à capital para aderir a república o que resultou na sua volta em demissões e nomeações, além de adesões de lideranças ao movimento republicano. Na oportunidade ouve uma passeata, onde o povo assistiu com indiferença, fazendo parte delas somente os empregados do município e do estado.
Somente em 20 de dezembro de 1938 a vila passa à cidade pelo Decreto-Lei de nº. 448 de 20 de dezembro de 1938.
Não podemos informar quem foi o primeiro intendente de Assaré, pois era o nome dado ao chefe do poder executivo na época de nossa emancipação, porem o que nós pesquisamos através de vários registros em livros, anuários, artigos entre outras fontes vamos passar:
Queremos informar da importância da igreja católica para a existência de nosso município foi pela exigência dela ser construída a capela no local, onde hoje, está erguida a atual igreja, pois oi nosso fundador queria que a igreja fosse erguida nas proximidades do município de São Mateus (Jucás) na ribeira dos afluentes do rio Salgado, entretanto, por ser o Assaré o caminho mais próximo que ligava a sede da paróquia, Crato, ela fez exigências que contribuiu para o surgimento do nosso município.
No dia 11 de janeiro de 1969 teve a primeira sessão de inauguração da Câmara Municipal e consequentemente a instalação do Município de Assaré de fato e de direito, que teve como presidente da sessão o Presidente da Comarca o Padre Manoel Francisco de Araújo e como vereadores, que formavam o Conselho de Intendência: Jerônimo Pereira, José da Costa, Antonio Leite Leão e como suplentes: Antonio Paes Pereira, João Gonzaga e Francisco Sabino de Lima.
É importante salientar que de 1969 até a República competiam as câmaras o governo econômico e municipal das cidades e vilas.
Com a Proclamação da República, o Governo Provisório, que era constituído pelo Exército e Armada e de acordo com o Decreto no. 107 autorizou os Governadores dos Estados a dissolver as Câmaras Municipais e a organizar os respectivos serviços, desta forma composição do Conselho de Intendência de Assaré de 03 de fevereiro de 1890 a 12 de março de 1892 teve a seguinte composição:
NOME
DATAS
NOMEAÇÃO
EXONERAÇÃO
Francisco Gomes de Oliveira Braga
03/02/1890
13/02/1892
Pedro Onofre de Farias
03/02/1890
19/08/1891
Ignácio Soares Arraes
03/02/1890
06/07/1891
Antonio Mendes Bezerra
03/02/1890
22/08/1890
José Rodrigues Freire Dodô
03/02/1890
03/10/1890
Raimundo José Maria
22/08/1890
13/02/1892
Sebastião Ferreira de Sousa
22/08/1890
16/02/1891
José Luiz Pereira Freire
26/01/1891
01/09/1891
João Alexandrino de Alencar
31/08/1891
01/09/1891
Raymundo Ferreira de Sousa
31/08/1891
13/02/1892
Manoel da Silva Pereira
02/09/1891
13/02/1892
Raymundo Fernandes de Oliveira
02/09/1891
13/02/1892
Manoel Rodrigues Firmeza
13/02/1892
12/03/1892
João Chrisostomo da Silva Pereira
13/02/1892
12/03/1892
Antonio Claraval Catonho
13/02/1892
12/03/1892
Pedro Fernandes de Sousa
13/02/1892
12/03/1892
Foram Intendentes de Assaré de 1902 a 1914:
Antonio Alves Brandão – 1902
Antonio Mendes Bezerra – 1903
Pedro Pereira Tamiarama – 1904 a 1911
Raimundo de Matos Arraes – 1912
Hermenegildo Brito Firmeza - 1914 (Interino)
João Pereira Pinto 1914
Até o ano de 1914 os administradores municipais tinham a denominação de intendente, que eram nomeados pelo presidente de província, pois não tinha eleição para escolha dos administradores municipais, ressaltamos que a partir de 1915 passaram a ser chamados de Prefeitos:
João Pereira Pinto – 1915
Coronel Antonio Mendes Bezerra – 1916 (Provisório)
João Gualberto – 1916
João Pereira Pinto – 1917 (Provisório)
José Onofre de Souza Zeca Onofre) – 1917
Tertuliano Claraval Catonho 1920
Tertuliano Claraval Catonho – 1934 a 1942
Manoel Fernandes de Oliveira – 1942
Raimundo Claraval Catonho (Bel Catonho, filho de Tertuliano) – 1942 a 1945
José Romero – 1945
José Brilhante Paiva – 1945
Dr. Francisco Evandro Paiva Onofre – 1946
Tenente Francisco Bento – 1947
Clodoaldo Ribeiro – 1947: morreu no exercício do mandato assassinado num atrito com o sargento Audísio, Chefe do posto policial, que morreu na hora, em face de troca de tiros envolvendo os dois e só depois de algumas horas, após ser atendido pelos o farmacêutico Dr. Gentil Braga, veio a falecer com mais de três tiros.
Em 1947 na primeira eleição direta foi eleito, com o mandato único, o Sr. Raul Onofre que assumiu em 1948 e governou até 1951.
A eleição de 1950 foi disputada entre José Evandro Onofre e Dogivaldo Ribeiro Catonho (irmão de Clodoaldo), esse ultimo eleito.
Raul Onofre é eleito prefeito pela segunda vez em 1954, ganhando de Bel Catonho.
Na eleição de 1958 disputada entre Oséas Firmeza, Chico Sampaio e Dogivaldo Ribeiro, esse ultimo foi vencedor.
A eleição de 1962 foi a mais concorrida em números de candidatos, foram 04: Leovigídio Catonho; Raul Onofre; Gentil Braga e José Martins, saindo como vencedor Leovigidio Claraval Catonho.
Pela terceira vez Raul Onofre assume a prefeitura e ganha a disputa em 1966 do Tenente Martins.
Em 1972 se repete o que acontece em 1948, Vicente de Paula Rodrigues Paiva é eleito prefeito, sendo candidato único.
Pela quarta vez, portanto quem mais teve a frente do poder executivo municipal, em 1974 é eleito como candidato único o Sr. Raul Onofre.
Em 1976 numa disputa acirrada entre Vicente de Paula R. Paiva e José Teixeira é Eleito pela segunda vez Paulo Paiva, mantendo assim por mais um mandato a oligarquia política comandada por Raul Onofre.
Nas eleições de 1982, Raul Onofre mais uma vez se candidata e tem como seu opositor o recém reformado da policia militar de Bahia Pedro Gonçalves de Oliveira, primo de Patativa do Assaré, muito embora apoiado pela as grandes forças políticas do estado do Ceará, os coronéis e principalmente pelo Cel. Adauto Bezerra, Raul Onofre é derrotado e com isso acaba a hegemonia política da oligarquia dos Onofres e Paiva.
Com o fim desta oligarquia surge novas lideranças políticas, é o caso de Pedro Gonçalves e Antonio Benjamim de Oliveira Filho que fora eleito prefeito em 1988.
Com o apoio de Oliveira, Pedro Gonçalves é eleito mais uma vez Prefeito com a maior margem de votos da história, do seu opositor Dr. Francisco Mota, isso aconteceu nas eleições de 1992.
No ano de 1996 são candidatos: Dr. Maurício Mota, Dr Benjamim de Oliveira e pela primeira vez uma mulher e o partido dos trabalhadores lançou uma candidata, a Sra. Francimeire Dias, sendo eleito mais uma vez o Dr. Oliveira.
Talvez na história do Assaré nunca houve uma disputa tão acirrada quanto a do ano de 2000, pelo um lado disputando a reeleição, a primeira da história para prefeito, Dr. Oliveira e pelo outro o candidato Humberto Alencar, que embalado pelo discurso da esquerda e o crescimento do nome do futuro presidente do Brasil, Lula da Silva, disputam voto a voto a preferência do eleitorado, quando por somente 36 votos vence o Dr. Oliveira para seu terceiro mandato.
Nas eleições de 2004 mais uma vez Humberto Alencar é candidato, agora por um partido de direita, o Partido Progressista, que tem como maior referência o Sr. Paulo Salim Maluf, presidente do honorário do referido partido, sai vencedor o candidato Evanderto Almeida, apoiado por Oliveira.
Nas eleições de 2008 saíram três candidatos: Francisco Evanderto Almeida, candidato a reeleição, pelo PSDB, Antonio Humberto Alencar, pelo PPS e Antonio Benjamim de Oliveira Filho, pelo PMDB, que pleiteava o seu quarto mandato, tendo como eleito Evanderto Almeida para o mandato de 2009 a 2012.
Como dissemos anteriormente escreveríamos somente um dedim de prosa sobre o Assaré, que tem uma história muito bonita, porém com essa pesquisa nos obriga a escrever um livro sobre esta terra tão querida pelo imortal Patativa do Assaré, que terá um só capitulo sobre sua vida, obra e imortalidade.
PARA PESQUISAR
Não esqueça só é um dedim de prosa, faça deste texto um apoio para que você mesmo reescreva uma história de seu município, mais não esqueça de começar pela história de sua família.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO, DESPORTO E LAZER
TRAVESSA PROFESSOR BELÉM, S/N
NOVA OLINDA-CE
FONE/FAX: (88)3546-1645
E-MAIL: sednoce@bol.com.br
RELATÓRIO DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DE NOVA OLINDA
Sou poeta popular
Vivi sempre a versejar
Sem ter de letra instrução,
Nunca frequentei colégio
Porém tenho o privilégio
De louvar a Educação.
Patativa do Assaré
O presente relatório procura enumerar e apresentar os resultados de uma caminhada que se destaca pelos resultados e que foram conquistados através de um trabalho conjunto, marcado pela ousadia, pois acreditamos que quando buscamos na prática as transformações sociais, estamos nos desafiando a cada momento e a cada adversidade alicerçamos a nossa caminhada em construir a educação que sonhamos e queremos alimentar nossa utopia.
Todo trabalho desenvolvido para atingir metas e os resultados obtidos foi norteado na responsabilidade de construir uma educação verdadeiramente de qualidade, onde a qualidade do ensino tornou-se uma prioridade e a melhoria dos indicadores tornou-se uma consequência. Não nos detemos a quantificar, mas o de buscar meios e mecanismos que viabilizasse um ensino onde os resultados possibilitassem a aprendizagem de nossos alunos e a competência de nossos professores.
A formação e habilitação dos professores e núcleos gestores é fortalecida pela presença das Universidades: Vale do Acaraú e Regional do Cariri e a Faculdade de Juazeiro do Norte, com isso estamos qualificando nossos profissionais na área específica que eles estão atuando, contribuindo para eliminar no nosso quadro o professor leigo de conformidade a Resolução de No. 353/99 do Conselho de Educação do Ceará de 06 de julho de 1999, que dispões sobre habilitação do professor leigo.
A revolução da educação de Nova Olinda não visa igualar nossa diversidade cultural, pois é na diversidade do sujeito que buscamos e construímos a sociedade que sonhamos partindo do pressuposto que estamos em constantes desafios o que requer de nossos profissionais o exercício pleno da democracia.
O sonho de tornar a nossa sociedade mais justa é alimentado pela vontade do professor incluir todos na diversidade social. E, para isso, é necessário o exercício pleno do direito que possibilite ao educando a liberdade de ser e viver.
A luta pela conquista de espaços na sociedade não é uma ação do eu, mas um ato do coletivo e que esteja alicerçado nos princípios da democracia e radicalmente uma ação do sujeito provido de amor pelo que faz.
Lembramos que o educador e a educadora são diferentes em relação aos educandos, que são diferentes entre si, não são superiores nem inferiores, mas com visões diferentes do mundo e são nessas diferenças que aprendemos a dialogar e nesse dialogo é que buscamos e construímos novos conhecimentos.
A escola é um instrumento de busca e não um espaço de assistencialismo e não podemos definir a Educação como um programa assistencialista, mas como um programa de resgate da cidadania.
E é com essa proposta que alcançamos resultados que justificam o nosso compromisso de fazer “Educação com Responsabilidade” o que nos fortalece e nos norteia na caminhada em busca do compromisso em fazer cada vez mais e melhor.
Eu mesmo sem ter estudado,
Sobre o belo conteúdo
Tenho razão de dizer
Que o livro é o companheiro
Mais fiel e verdadeiro
Que nos ajuda a vencer.
Patativa do Assaré
Somos responsáveis em caminhar na construção de uma escola, onde o diálogo a troca de saberes torna-se a sustentabilidade social, tendo consciência que somos diferentes como seres humanos e iguais como cidadãos.
A expectativa e motivação do educando é o de melhorar a sua qualidade de vida no que diz respeito ao uma vida melhor, entretanto na nossa sociedade que tem na sua base uma grande maioria que vive ou viveu na agricultura de subsistência busca a “entender melhor as coisas do mundo”. Porém, não podemos alimentar essa ideia, porque na bagagem desse aluno vem o conhecimento informal, que é a base da sua história pessoal e profissional e que será o alicerce para nova história que buscamos construir.
Nesse sentido, nossos alunos veem na escola um espaço que atenda as suas necessidades como pessoas e cidadãos, cuja sua fome de aprender, é a motivação dos nossos professores para tornar suas aulas momentos de busca e aprendizagem.
“Eu sei dizer o que quer dizer o que vou dizer. Mas sei o quê isso quer dizer. Eu que eu teimo em dizer. Se não sei dizer o que quer dizer o que vou dizer. Se eu digo pare, você não repare no que possa parecer. Se eu digo siga, o que quer que eu diga você vai entender”.
Zeca Baleiro
A falácia geralmente é usada para maquiar resultados, entretanto a nossa responsabilidade e o nosso princípio não nos permite a usar tal artifício para justificar a nossa condição de agente de transformação social e para comprovar iremos apresentar, em anexo, os gráficos do crescimento dos indicadores educacionais de nosso município.
“Que a justiça social se implante antes da caridade”
Paulo Freire
TRAVESSA PROFESSOR BELÉM, S/N
NOVA OLINDA-CE
FONE/FAX: (88)3546-1645
E-MAIL: sednoce@bol.com.br
RELATÓRIO DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DE NOVA OLINDA
Sou poeta popular
Vivi sempre a versejar
Sem ter de letra instrução,
Nunca frequentei colégio
Porém tenho o privilégio
De louvar a Educação.
Patativa do Assaré
O presente relatório procura enumerar e apresentar os resultados de uma caminhada que se destaca pelos resultados e que foram conquistados através de um trabalho conjunto, marcado pela ousadia, pois acreditamos que quando buscamos na prática as transformações sociais, estamos nos desafiando a cada momento e a cada adversidade alicerçamos a nossa caminhada em construir a educação que sonhamos e queremos alimentar nossa utopia.
Todo trabalho desenvolvido para atingir metas e os resultados obtidos foi norteado na responsabilidade de construir uma educação verdadeiramente de qualidade, onde a qualidade do ensino tornou-se uma prioridade e a melhoria dos indicadores tornou-se uma consequência. Não nos detemos a quantificar, mas o de buscar meios e mecanismos que viabilizasse um ensino onde os resultados possibilitassem a aprendizagem de nossos alunos e a competência de nossos professores.
A formação e habilitação dos professores e núcleos gestores é fortalecida pela presença das Universidades: Vale do Acaraú e Regional do Cariri e a Faculdade de Juazeiro do Norte, com isso estamos qualificando nossos profissionais na área específica que eles estão atuando, contribuindo para eliminar no nosso quadro o professor leigo de conformidade a Resolução de No. 353/99 do Conselho de Educação do Ceará de 06 de julho de 1999, que dispões sobre habilitação do professor leigo.
A revolução da educação de Nova Olinda não visa igualar nossa diversidade cultural, pois é na diversidade do sujeito que buscamos e construímos a sociedade que sonhamos partindo do pressuposto que estamos em constantes desafios o que requer de nossos profissionais o exercício pleno da democracia.
O sonho de tornar a nossa sociedade mais justa é alimentado pela vontade do professor incluir todos na diversidade social. E, para isso, é necessário o exercício pleno do direito que possibilite ao educando a liberdade de ser e viver.
A luta pela conquista de espaços na sociedade não é uma ação do eu, mas um ato do coletivo e que esteja alicerçado nos princípios da democracia e radicalmente uma ação do sujeito provido de amor pelo que faz.
Lembramos que o educador e a educadora são diferentes em relação aos educandos, que são diferentes entre si, não são superiores nem inferiores, mas com visões diferentes do mundo e são nessas diferenças que aprendemos a dialogar e nesse dialogo é que buscamos e construímos novos conhecimentos.
A escola é um instrumento de busca e não um espaço de assistencialismo e não podemos definir a Educação como um programa assistencialista, mas como um programa de resgate da cidadania.
E é com essa proposta que alcançamos resultados que justificam o nosso compromisso de fazer “Educação com Responsabilidade” o que nos fortalece e nos norteia na caminhada em busca do compromisso em fazer cada vez mais e melhor.
Eu mesmo sem ter estudado,
Sobre o belo conteúdo
Tenho razão de dizer
Que o livro é o companheiro
Mais fiel e verdadeiro
Que nos ajuda a vencer.
Patativa do Assaré
Somos responsáveis em caminhar na construção de uma escola, onde o diálogo a troca de saberes torna-se a sustentabilidade social, tendo consciência que somos diferentes como seres humanos e iguais como cidadãos.
A expectativa e motivação do educando é o de melhorar a sua qualidade de vida no que diz respeito ao uma vida melhor, entretanto na nossa sociedade que tem na sua base uma grande maioria que vive ou viveu na agricultura de subsistência busca a “entender melhor as coisas do mundo”. Porém, não podemos alimentar essa ideia, porque na bagagem desse aluno vem o conhecimento informal, que é a base da sua história pessoal e profissional e que será o alicerce para nova história que buscamos construir.
Nesse sentido, nossos alunos veem na escola um espaço que atenda as suas necessidades como pessoas e cidadãos, cuja sua fome de aprender, é a motivação dos nossos professores para tornar suas aulas momentos de busca e aprendizagem.
“Eu sei dizer o que quer dizer o que vou dizer. Mas sei o quê isso quer dizer. Eu que eu teimo em dizer. Se não sei dizer o que quer dizer o que vou dizer. Se eu digo pare, você não repare no que possa parecer. Se eu digo siga, o que quer que eu diga você vai entender”.
Zeca Baleiro
A falácia geralmente é usada para maquiar resultados, entretanto a nossa responsabilidade e o nosso princípio não nos permite a usar tal artifício para justificar a nossa condição de agente de transformação social e para comprovar iremos apresentar, em anexo, os gráficos do crescimento dos indicadores educacionais de nosso município.
“Que a justiça social se implante antes da caridade”
Paulo Freire
PRÉ PROJETO
Formação para Professores da Educação de Jovens e Adultos.
Francisco Eugênio Costa Oliveira
“Não há mudança sem sonho como não há sonho sem esperança”
Paulo Freire
INTRODUÇÃO
A revolução da educação brasileira que sonhamos não visa igualar nossa diversidade cultural, pois é na diversidade do sujeito que buscamos e construímos a sociedade que sonhamos.
Participar do Programa de Educação de Jovens e Adultos é ter consciência de estar participando de uma ação desafiadora e requer do profissional o exercício pleno da democracia.
O sonho de tornar a nossa sociedade mais justa é alimentado pela vontade do professor incluir todos na diversidade social. E, para isso, é necessário o exercício pleno do direito que possibilite ao educando a liberdade de ser e viver.
A luta pela conquista de espaços na sociedade não é uma ação do eu, mas um ato do coletivo e que esteja alicerçado nos princípios da democracia e radicalmente uma ação do sujeito provido de amor pelo que faz.
Lembramos que o educador e a educadora são diferentes em relação aos educandos, que são diferentes entre si, não são superiores nem inferiores, mas com visões diferentes do mundo e são nessas diferenças que aprendemos a dialogar e nesse dialogo é que buscamos e construímos novos conhecimentos.
A escola é um instrumento de busca e não um espaço de assistencialismo e não podemos definir a Educação de Jovens e Adultos como um programa assistencialista, mas como um programa de resgate da cidadania.
A educação de Jovens e Adultos busca no seu objetivo a descoberta da libertação para aqueles que não tiveram oportunidades de participar dos projetos e programas da sociedade estratificadora.
Somos responsáveis em caminhar na construção de uma escola, onde o diálogo entre o empírico e científico fundamenta a troca de saberes para a sustentabilidade social, tendo consciência que somos diferentes como seres humanos e iguais como cidadãos.
A expectativa e motivação do educando nessa modalidade de ensino é o de melhorar a sua qualidade de vida no que diz respeito ao um emprego melhor, entretanto na nossa sociedade que tem na sua base uma grande maioria que vive ou viveu na agricultura de subsistência busca a “entender melhor as coisas do mundo”. Porém, não podemos alimentar essa ideia, porque na bagagem desse aluno vem o conhecimento informal, que é a base da sua história pessoal e profissional e que será o alicerce para nova história que ele irá construir.
Nesse sentido, os alunos da Educação de Jovens e Adultos precisam ver na escola um espaço que atenda as suas necessidades como pessoas e cidadãos, cuja sua fome de aprender, deva ser a motivação do professor para tornar suas aulas momentos de busca e aprendizagem.
“Que a justiça social se implante antes da caridade”
Paulo Freire
OBJETIVO GERAL
Estimular o jovem e o adulto o gosto pela escola, criando ações que fomente o interesse pela aprendizagem, bem como a sua permanência na sala de aula.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Favorecer ao aluno da Educação de Jovens e Adultos um ambiente escolar que estimule a reflexão e o pensar, aproveitando a sua realidade como forma de fomentação à aprendizagem;
Valorizar a diversidade cultural, respeitando as diferenças;
Exercitar com responsabilidade a convivência em diferentes espaços sociais;
Aumentar a autoestima do aluno, fortalecendo a confiança na sua capacidade de aprendizagem;
Valorizar a educação como meio de desenvolvimento pessoal, social e profissional;
Desempenhar de modo consciente e responsável o seu papel de agente de transformação social;
Desenvolver atitudes participativas, buscando o conhecimento dos direitos e deveres objetivando o gozo pleno da cidadania.
Construir referenciais teórico-práticos que fundamentem no processo de formação inicial de professores uma concepção de docência enquanto trabalho humano;
Exercitar a reflexão sobre o trabalho do professor enquanto atividade que constrói e reconstrói sua identidade profissional.
“Sou poeta popular
Vivi sempre a versejar
Sem ter de letra instrução,
Nunca frequentei colégio
Porém tenho o privilégio
De louvar a Educação”.
Patativa do Assaré
Metodologia
A Educação de Jovens e Adultos requer dos professores que estejam dispostos a examinar ideias, a comprometer-se com a investigação e respeitar os jovens e adultos que pretendem aprender a adentrar no mundo até então desconhecido.
A rotina de trabalho de um professor de jovens e adultos tem que ser permeada através de descobertas adquiridas na vida e na história de seus alunos, onde o saber empírico passe a fazer parte do seu cotidiano.
A avaliação tem caráter eminentemente operacional, como base para o planejamento dos espaços e problemas que o professor deverá utilizar para ajudar o aluno a percorrer a instigante trajetória rumo à leitura e à escrita de um texto.
Trabalhar unidades temáticas voltadas na realidade dos alunos desenvolvendo trabalhos, que os levem a reflexão e que os levem a fazer comparações de suas vidas pessoais e profissionais.
Abordagem dos conteúdos curriculares não apenas no nível conceitual, mas, sobretudo nas ações e relações vivenciais:
Inclusão dos agentes e de seus saberes nos processos de ensino e de aprendizagem;
Enfrentamento do desafio da transversalidade com vistas a ampliação e aprofundamento do processo de humanização;
Elaborar técnicas de dinâmica de grupo para reflexão de práticas cotidianas relacionadas ao exercício da cidadania;
Desenvolver oficinas relativas ao cotidiano dos alunos elaborando cartazes confrontando a realidade e os conceitos de cidadania.
Leituras de textos com uma linguagem voltada para realidade do aluno, tendo como referência cordéis e ou poesias populares;
Seleção de recursos materiais e técnicas de ensino;
Organização de um espaço para a exposição dos trabalhos produzidos pelos alunos: textos, trabalhos desenvolvidos no decorrer do processo desenvolvido em todo processo.
Avaliar, portanto não é nenhum julgamento de mérito dos alunos, aprovando-os ou reprovando-os, mas, simplesmente é um suporte para o professor conduzir sua atuação.
A avaliação diagnóstica para saber a história e a vida do aluno é o ponto de partida para o planejamento eficaz e voltado para a realidade de nossos educandos.
UMA ABORDAGEM CURRICULAR: CIDADANIA
O contexto específico da escola contribui para o desenvolvimento da temática do projeto, sobretudo no que se refere:
- Irregularidade da freqüência dos alunos no decorrer do período letivo;
- A resistência dos estudantes em participar de atividades.
Neste sentido, jovens e adultos faltaria uma compreensão e usufruto de aspectos fundamentais do exercício da cidadania. Desta maneira, o desenvolvimento do projeto tem como objetivo principal oportunizar o desenvolvimento da capacidade de reflexão crítica e de busca de soluções diante de situações vividas no cotidiano do cidadão ou cidadã, dentro e fora da sala de aula, respeitando a Lei de Diretrizes e Base da Educação e as Resoluções do Conselho Nacional e Estadual de Educação, quanto as Diretrizes Curriculares Nacionais, entretanto desfiando os educadores a estarem em constantes construções, segundo Resolução do CNE/CEB de no. 02/98 de , de 07 de abril de 1998:
Art.3º. São as seguintes as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental:
I - As escolas deverão estabelecer como norteadores de suas ações pedagógicas:
a) os princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum;
b) os princípios dos Direitos e Deveres da Cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática;
c) os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais.
II - Ao definir suas propostas pedagógicas, as escolas deverão explicitar o reconhecimento da identidade pessoal de alunos, professores e outros profissionais e a identidade de cada unidade escolar e de seus respectivos sistemas de ensino.
Buscamos proporcionar aos professores da Educação de Jovens e Adultos práticas educacionais que busquem a qualidade do ensino nessa modalidade de ensino e que o conceito de Cidadania seja construída através da vida e do cotidiano do aluno, sendo necessário que os educadores estejam aptos a respeitar as diversidades sociais e culturais e busquem na prática meios que ofereçam condições aos alunos e a comunidade novas descobertas que contribua para construção da cidadania e proporcione a todos envolvidos melhores condições de vida.
CRONOGRAMA
Avaliação Diagnóstica da comunidade a ser atendida;
Formação Inicial com fundamentação teórica baseado no método Paulo Freire;
Início das atividades escolares com atividades sensibilizadoras e incentivadoras;
Encontros com os professores a cada 15 dias com a participação de representantes dos alunos para a construção das rotinas de trabalho que serão desenvolvidas nos próximos dias;
Avaliações diagnósticas e formativas a cada final de mês;
Planejamento pedagógico das atividades com fundamentação teórica a cada mês.
AVALIAÇÃO
O projeto busca desenvolver ações que possibilitará a formação inicial de professores com fundamentação teórica e prática em que saberes empírico e saberes teóricos se transformem e favoreça a permanente reflexão sobre a atividade de ensino. Isso nos remete a acreditar que o professor enquanto sujeito do processo constrói um saber próprio a partir da realidade da escola e do aluno, buscando superar as dificuldades e encontrando meios que facilitem a aprendizagem, eliminando a evasão e o desinteresse da comunidade pela Educação de Jovens e Adultos, porém não se esquecendo que o trabalho coletivo favorece a construção da identidade da escola, inspirada na identidade do aluno e comunidade e é nessa dinâmica de busca que verdadeiramente construímos uma Educação de qualidade.
Nessa modalidade de ensino o grande desafio não está no combate a evasão, mas o de encorajar os jovens e adultos a pensar, a discutir, a conversar e raciocinar sobre o mundo e nele se sentir sujeito, pois só o sujeito é quem busca as transformações sociais e é nesse encontro da vida e conhecimento que a escola torna-se prazerosa.
A evasão na escola transforma as vantagens, os anseios e a fome de aprender e ensinar do educando em desestímulo.
Precisamos ter a consciência de que somos eternos aprendizes e que na condição de sujeito temos que nos desafiar a todo instante e é nessa condição de desafiadores que buscamos conhecer nos educandos o alicerce dos currículos escolares.
A nossa escola se fundamenta na busca da cidadania, portanto ela tem que ser uma escola que ensina para e pela cidadania, ela forma o cidadão que participa na construção da sociedade, um cidadão pleno, não um cidadão puro de consumidor.
Precisamos nos despir e nos transformar nos conceitos de cidadania, para juntos construir uma escola verdadeiramente democrática e cidadã.
Na escola cidadã o conhecimento não é um objeto descartável, mas uma ação de busca continua.
Formação para Professores da Educação de Jovens e Adultos.
Francisco Eugênio Costa Oliveira
“Não há mudança sem sonho como não há sonho sem esperança”
Paulo Freire
INTRODUÇÃO
A revolução da educação brasileira que sonhamos não visa igualar nossa diversidade cultural, pois é na diversidade do sujeito que buscamos e construímos a sociedade que sonhamos.
Participar do Programa de Educação de Jovens e Adultos é ter consciência de estar participando de uma ação desafiadora e requer do profissional o exercício pleno da democracia.
O sonho de tornar a nossa sociedade mais justa é alimentado pela vontade do professor incluir todos na diversidade social. E, para isso, é necessário o exercício pleno do direito que possibilite ao educando a liberdade de ser e viver.
A luta pela conquista de espaços na sociedade não é uma ação do eu, mas um ato do coletivo e que esteja alicerçado nos princípios da democracia e radicalmente uma ação do sujeito provido de amor pelo que faz.
Lembramos que o educador e a educadora são diferentes em relação aos educandos, que são diferentes entre si, não são superiores nem inferiores, mas com visões diferentes do mundo e são nessas diferenças que aprendemos a dialogar e nesse dialogo é que buscamos e construímos novos conhecimentos.
A escola é um instrumento de busca e não um espaço de assistencialismo e não podemos definir a Educação de Jovens e Adultos como um programa assistencialista, mas como um programa de resgate da cidadania.
A educação de Jovens e Adultos busca no seu objetivo a descoberta da libertação para aqueles que não tiveram oportunidades de participar dos projetos e programas da sociedade estratificadora.
Somos responsáveis em caminhar na construção de uma escola, onde o diálogo entre o empírico e científico fundamenta a troca de saberes para a sustentabilidade social, tendo consciência que somos diferentes como seres humanos e iguais como cidadãos.
A expectativa e motivação do educando nessa modalidade de ensino é o de melhorar a sua qualidade de vida no que diz respeito ao um emprego melhor, entretanto na nossa sociedade que tem na sua base uma grande maioria que vive ou viveu na agricultura de subsistência busca a “entender melhor as coisas do mundo”. Porém, não podemos alimentar essa ideia, porque na bagagem desse aluno vem o conhecimento informal, que é a base da sua história pessoal e profissional e que será o alicerce para nova história que ele irá construir.
Nesse sentido, os alunos da Educação de Jovens e Adultos precisam ver na escola um espaço que atenda as suas necessidades como pessoas e cidadãos, cuja sua fome de aprender, deva ser a motivação do professor para tornar suas aulas momentos de busca e aprendizagem.
“Que a justiça social se implante antes da caridade”
Paulo Freire
OBJETIVO GERAL
Estimular o jovem e o adulto o gosto pela escola, criando ações que fomente o interesse pela aprendizagem, bem como a sua permanência na sala de aula.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Favorecer ao aluno da Educação de Jovens e Adultos um ambiente escolar que estimule a reflexão e o pensar, aproveitando a sua realidade como forma de fomentação à aprendizagem;
Valorizar a diversidade cultural, respeitando as diferenças;
Exercitar com responsabilidade a convivência em diferentes espaços sociais;
Aumentar a autoestima do aluno, fortalecendo a confiança na sua capacidade de aprendizagem;
Valorizar a educação como meio de desenvolvimento pessoal, social e profissional;
Desempenhar de modo consciente e responsável o seu papel de agente de transformação social;
Desenvolver atitudes participativas, buscando o conhecimento dos direitos e deveres objetivando o gozo pleno da cidadania.
Construir referenciais teórico-práticos que fundamentem no processo de formação inicial de professores uma concepção de docência enquanto trabalho humano;
Exercitar a reflexão sobre o trabalho do professor enquanto atividade que constrói e reconstrói sua identidade profissional.
“Sou poeta popular
Vivi sempre a versejar
Sem ter de letra instrução,
Nunca frequentei colégio
Porém tenho o privilégio
De louvar a Educação”.
Patativa do Assaré
Metodologia
A Educação de Jovens e Adultos requer dos professores que estejam dispostos a examinar ideias, a comprometer-se com a investigação e respeitar os jovens e adultos que pretendem aprender a adentrar no mundo até então desconhecido.
A rotina de trabalho de um professor de jovens e adultos tem que ser permeada através de descobertas adquiridas na vida e na história de seus alunos, onde o saber empírico passe a fazer parte do seu cotidiano.
A avaliação tem caráter eminentemente operacional, como base para o planejamento dos espaços e problemas que o professor deverá utilizar para ajudar o aluno a percorrer a instigante trajetória rumo à leitura e à escrita de um texto.
Trabalhar unidades temáticas voltadas na realidade dos alunos desenvolvendo trabalhos, que os levem a reflexão e que os levem a fazer comparações de suas vidas pessoais e profissionais.
Abordagem dos conteúdos curriculares não apenas no nível conceitual, mas, sobretudo nas ações e relações vivenciais:
Inclusão dos agentes e de seus saberes nos processos de ensino e de aprendizagem;
Enfrentamento do desafio da transversalidade com vistas a ampliação e aprofundamento do processo de humanização;
Elaborar técnicas de dinâmica de grupo para reflexão de práticas cotidianas relacionadas ao exercício da cidadania;
Desenvolver oficinas relativas ao cotidiano dos alunos elaborando cartazes confrontando a realidade e os conceitos de cidadania.
Leituras de textos com uma linguagem voltada para realidade do aluno, tendo como referência cordéis e ou poesias populares;
Seleção de recursos materiais e técnicas de ensino;
Organização de um espaço para a exposição dos trabalhos produzidos pelos alunos: textos, trabalhos desenvolvidos no decorrer do processo desenvolvido em todo processo.
Avaliar, portanto não é nenhum julgamento de mérito dos alunos, aprovando-os ou reprovando-os, mas, simplesmente é um suporte para o professor conduzir sua atuação.
A avaliação diagnóstica para saber a história e a vida do aluno é o ponto de partida para o planejamento eficaz e voltado para a realidade de nossos educandos.
UMA ABORDAGEM CURRICULAR: CIDADANIA
O contexto específico da escola contribui para o desenvolvimento da temática do projeto, sobretudo no que se refere:
- Irregularidade da freqüência dos alunos no decorrer do período letivo;
- A resistência dos estudantes em participar de atividades.
Neste sentido, jovens e adultos faltaria uma compreensão e usufruto de aspectos fundamentais do exercício da cidadania. Desta maneira, o desenvolvimento do projeto tem como objetivo principal oportunizar o desenvolvimento da capacidade de reflexão crítica e de busca de soluções diante de situações vividas no cotidiano do cidadão ou cidadã, dentro e fora da sala de aula, respeitando a Lei de Diretrizes e Base da Educação e as Resoluções do Conselho Nacional e Estadual de Educação, quanto as Diretrizes Curriculares Nacionais, entretanto desfiando os educadores a estarem em constantes construções, segundo Resolução do CNE/CEB de no. 02/98 de , de 07 de abril de 1998:
Art.3º. São as seguintes as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental:
I - As escolas deverão estabelecer como norteadores de suas ações pedagógicas:
a) os princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum;
b) os princípios dos Direitos e Deveres da Cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática;
c) os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais.
II - Ao definir suas propostas pedagógicas, as escolas deverão explicitar o reconhecimento da identidade pessoal de alunos, professores e outros profissionais e a identidade de cada unidade escolar e de seus respectivos sistemas de ensino.
Buscamos proporcionar aos professores da Educação de Jovens e Adultos práticas educacionais que busquem a qualidade do ensino nessa modalidade de ensino e que o conceito de Cidadania seja construída através da vida e do cotidiano do aluno, sendo necessário que os educadores estejam aptos a respeitar as diversidades sociais e culturais e busquem na prática meios que ofereçam condições aos alunos e a comunidade novas descobertas que contribua para construção da cidadania e proporcione a todos envolvidos melhores condições de vida.
CRONOGRAMA
Avaliação Diagnóstica da comunidade a ser atendida;
Formação Inicial com fundamentação teórica baseado no método Paulo Freire;
Início das atividades escolares com atividades sensibilizadoras e incentivadoras;
Encontros com os professores a cada 15 dias com a participação de representantes dos alunos para a construção das rotinas de trabalho que serão desenvolvidas nos próximos dias;
Avaliações diagnósticas e formativas a cada final de mês;
Planejamento pedagógico das atividades com fundamentação teórica a cada mês.
AVALIAÇÃO
O projeto busca desenvolver ações que possibilitará a formação inicial de professores com fundamentação teórica e prática em que saberes empírico e saberes teóricos se transformem e favoreça a permanente reflexão sobre a atividade de ensino. Isso nos remete a acreditar que o professor enquanto sujeito do processo constrói um saber próprio a partir da realidade da escola e do aluno, buscando superar as dificuldades e encontrando meios que facilitem a aprendizagem, eliminando a evasão e o desinteresse da comunidade pela Educação de Jovens e Adultos, porém não se esquecendo que o trabalho coletivo favorece a construção da identidade da escola, inspirada na identidade do aluno e comunidade e é nessa dinâmica de busca que verdadeiramente construímos uma Educação de qualidade.
Nessa modalidade de ensino o grande desafio não está no combate a evasão, mas o de encorajar os jovens e adultos a pensar, a discutir, a conversar e raciocinar sobre o mundo e nele se sentir sujeito, pois só o sujeito é quem busca as transformações sociais e é nesse encontro da vida e conhecimento que a escola torna-se prazerosa.
A evasão na escola transforma as vantagens, os anseios e a fome de aprender e ensinar do educando em desestímulo.
Precisamos ter a consciência de que somos eternos aprendizes e que na condição de sujeito temos que nos desafiar a todo instante e é nessa condição de desafiadores que buscamos conhecer nos educandos o alicerce dos currículos escolares.
A nossa escola se fundamenta na busca da cidadania, portanto ela tem que ser uma escola que ensina para e pela cidadania, ela forma o cidadão que participa na construção da sociedade, um cidadão pleno, não um cidadão puro de consumidor.
Precisamos nos despir e nos transformar nos conceitos de cidadania, para juntos construir uma escola verdadeiramente democrática e cidadã.
Na escola cidadã o conhecimento não é um objeto descartável, mas uma ação de busca continua.
PATATIVA DO ASSARÉ: A INCLUSÃO DA CULTURA POPULAR NO CURRÍCULO DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE ASSARÉ-CE
PATATIVA DO ASSARÉ: A INCLUSÃO DA CULTURA POPULAR NO CURRÍCULO DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE ASSARÉ-CE
Francisco Eugênio Costa Oliveira
Anna Christina Farias de Carvalho
Resumo
Partindo da análise dos conteúdos programáticos apresentados nas escolas este artigo apresenta uma proposta de inserção da literatura popular, tendo como referência a obra literária de Patativa do Assaré no currículo das escolas do município de Assaré.
Por ser Patativa do Assaré um filósofo sertanejo denunciador das injustiças sociais não há uma política de divulgação de sua obra.
A formação epistemológica dos educadores não permite fazer uma relação da poesia de Patativa com os conteúdos curriculares e a não existência de um trabalho com as suas poesias faz com que os alunos e pais não tenham o conhecimento da produção do seu trabalho.
O processo norteado deste artigo não está ligado ao bairrismo corporativista, mas com a valorização do agricultor que se fez poeta e que tão bem retratou a história do homem e do seu convívio com a natureza, numa linguagem pura e própria e de uma compreensão universal.
Palavras - Chaves: Cultura Popular, Currículo, Patativa do Assaré
Introdução
A educação é um processo que existe desde que é sabida a existência do homem e da mulher no mundo, e compreende a formação do indivíduo na sociedade na qual estão inseridos. Somos conscientes de que a estrutura educacional sempre esteve e está nas mãos do Estado, pois cabe ao Estado proporcionar aos cidadãos na sua formação intelectual.
Entretanto, a educação protagonizada pelo Estado funciona em defesa dos princípios ideológicos que ele pratica e que ele quer impor, nos quais a opressão do saber é a obviedade necessária para manutenção do poder, pelo poder e para o poder (FOUCAULT, 2000). Na realidade os sistemas educacionais refletem o posicionamento da sociedade e a forma de governo que está no centro do poder.
A trajetória do sistema educacional vigente protagonizada pelo Estado é marcada pelo fracasso que se concretiza através dos indicadores que caracterizam o distanciamento do discurso à realidade da nossa sociedade.
No âmbito de nossas preocupações e correspondentes esforços situa – se esta pesquisa, cujos objetivos podem ser descritos em sentido amplo como identificar e analisar as percepções dos alunos, professores e pais sobre o distanciamento dos conteúdos dados nas escolas de Assaré com a realidade local; esta situação resulta em conseqüências negativas sobre aprendizagem dos alunos e que, sem dúvida, acarretarão no fracasso escolar.
Não podemos afirmar que o fracasso escolar se deve exclusivamente ao baixo rendimento do aluno, mas também àqueles alunos que não conseguem se adaptar as normas do sistema educacional, que são alvo de referência neste artigo, bem com a grade curricular e os conteúdos programáticos das escolas. Vale ressaltar que o fracasso escolar é produzido pela ação dos seres humanos, que tem como resultado a evasão escolar, a repetência, a reprovação e conseqüentemente o alto índice de analfabetismo.
O processo histórico que envolve o sistema educacional brasileiro, que vem desde a colonização até a mais recente redemocratização do país, nos remete a considerar que estamos produzindo uma escola marcada pela imposição ideológica do poder central, levando –se em consideração que historicamente as nossas escolas foram marcadas por longos períodos centralizadores e ditatoriais. Este sistema educacional autoritário, voltado para a formação dos filhos das elites, produziu um distanciamento das escolas dos saberes e conhecimentos produzidos pelas comunidades, pela cultura popular, cujo resultado é o sentimento de não identificação entre o aluno e o saber escolar.
Este artigo, portanto, objetiva fazer uma análise histórica da educação no Brasil e, mais particularmente, no município de Assaré, na tentativa de mostrar a não adequação do currículo escolar à realidade local, o que acreditamos venha a ser um dos principais problemas da atual política educacional no Brasil, reforçando e reproduzindo o secular distanciamento entre os cidadãos e a escola.
A educação no Brasil: a reprodução do saber escolar para as elites
Ao longo do período colonial os jesuítas tiveram a função de desencadear o processo de imposição da cultura européia no povo nativo, além de fortalecer o poderio da Igreja Católica. Os jesuítas no Brasil tiveram uma importância muito grande para a manutenção do poder de Portugal porque, além de divulgar o catolicismo, fortalecia sua relação com o Estado que muitas vezes interferia nas ações publicas, ressaltando a resistência da Companhia de Jesus em não permitir que os colonizadores escravizassem os índios, por este motivo ela foi conivente com o tráfego e conseqüente escravidão dos negros da África e Ásia (ROMANELLI, 2002). Deve ressaltar que além de mascarar o índio de sua realidade, fazendo – os esquecer de seus valores culturais, os jesuítas se beneficiaram dos produtos confeccionados pelos indígenas.
Com essa e outras ações, a Companhia de Jesus assegurou a hegemonia de Portugal. Romanelli (2002, p. 28) assim se posiciona diante deste acontecimento:
Na fase colonial, este tipo de ação escolar é também o instrumento do qual vai servir – se a sociedade nascente para impor e preservar esta cultura marcada pelo autoritarismo, e pela quase absoluta ausência de possibilidade de inovação.
Com a ascensão de D. Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, como chefe de Estado do Reino de Portugal, ocorrem modificações no sistema educacional. Estadista respeitado e enérgico, o Marquês de Pombal não acreditava na qualidade de ensino dos jesuítas, discordando dos seus métodos e do monopólio do clero no sistema educacional; esses atritos entre a Igreja e o Estado contribuíram em grande medida para a decadência de Portugal em relação às outras nações européias.
No século XVIII o Brasil entrou no ciclo do ouro, onde Minas Gerais veio a se transformar no centro das atenções do Marquês de Pombal, passando a controlar a comercialização e criando uma infra – estrutura que contribuísse para melhorar as condições de extração do minério. Paralelamente, a corrida do minério fomentou a criação de escolas que atendessem aos filhos das famílias que fossem trabalhar na exploração do metal precioso.
A reforma pombalina não trouxe maiores conseqüências no sentido de se fazer uma educação voltada para atender as transformações sociais que os países do Velho Mundo estavam passando e, conseqüentemente, suas colônias acompanhariam, pois nesse momento histórico Portugal estava em processo de decadência enquanto potência européia. As outras nações da Europa, sobretudo a Inglaterra, haviam superado os entreves feudais ao capitalismo e o conhecimento se voltava cada vez mais para a modernização das técnicas de produção que desaguaram na chamada Revolução Industrial.
Somente em 1768 é promulgada a lei da criação de Real Mesa Censória que tinha a função de “cuidar dos negócios da educação”. Porém a partir de novembro de 1772 Portugal autorizou a criação das escolas públicas em suas colônias, esquecendo de alocar recursos para o financiamento do sistema educacional. Como medida importante deste período destaca-se a criação do subsídio literário, imposto esse que passou a fazer parte do orçamento da Colônia (Romanelli, 2002).
É interessante que o estágio probatório já existia naquela época, onde o professor passava por um período de um ano de adaptação e sendo avaliado pelo seu desempenho, só após esse período é que o professor era contratado por mais seis meses.
Com todo esse aparato na escolha dos professores não houve nenhum crescimento significativo na educação, isso em virtude da interferência política e a má remuneração dos professores, além de apresentar uma estrutura curricular fora da realidade e do contexto social de sociedade colonial, demonstrando assim o distanciamento da escola com a realidade vivida pelo povo, o que nos remete a reafirmar a elitização do sistema educacional no Brasil, caracterizando o distanciamento da qualidade de ensino. A educação era privilégio, e não um direito, concedido apenas aos homens brancos e de posses. A grande maioria da população – constituída de índios, mulheres, escravos e homens pobres, estavam completamente excluídos do sistema de ensino escolar.
Com a proclamação da Independência, conduzida em 1822 pelo Imperador Pedro I, cria – se no povo brasileiro a esperança da construção de uma nação voltada para os interesses e os anseios da população, principalmente com a formação de uma Assembléia Constituinte que elaborou a primeira Constituição brasileira. No entanto, se estabelece também um clima de divergência entre o Imperador e os deputados da Assembléia que é dissolvida, sendo constituído um Conselho de Estado para refazer e elaborar o projeto anteriormente apresentado, impondo a marca e vontade do Monarca e garantindo seu poder centralizador e a intervenção na vida publica do país através da criação do Poder Moderador, este estaria acima de todos os outros poderes constituídos.
No que se refere à educação, é determinada a gratuidade do ensino primário, se institui a criação de colégios e universidades no país, o ensino religioso (católico) é parte integrante nos currículos e programas, cabendo ao Estado a responsabilidade administrativa do sistema educacional. Porém, com o ato educacional de 1834 essa responsabilidade passa a ser das Assembléias Legislativas das Províncias, com exceção dos cursos universitários.
O desgaste de D. Pedro I é grande diante do seu autoritarismo; o seu envolvimento político com a coroa portuguesa culminou com o afastamento dos liberais do governo e sua abdicação do trono em favor do seu filho D. Pedro II.
A transição do Primeiro Reinado para o Segundo Reinado é marcada por conflitos políticos e econômicos, onde o sistema educacional permaneceu o mesmo, isso em virtude dos deputados dos liberais modernos e dos exaltados nas decisões políticas, o que levou a antecipação da maioridade de D. Pedro II (Romanelli, 2002).
No Segundo Reinado o parlamentarismo é implantado e o Imperador passa a responsabilidade do governo aos seus ministros, se dedicando apenas às atividades culturais. O país mergulha numa crise social sem procedência levando a sociedade brasileira entrar num processo de insatisfação com o governo.
Com o advento da Proclamação da República em 1889 a sociedade brasileira permaneceu alicerçada nas influências das oligarquias rurais, as idéias republicanas incorporavam o pensamento da manutenção do poder dos coronéis. O fim da escravidão no ano anterior ocorreu muito mais em razão das pressões externas do que mesmo no sentimento libertário para com os negros. A estrutura excludente permanecia.
De acordo com Vieira (2002, p. 13):
Os conturbados tempos da Primeira República trazem com eles anseios de mudanças na educação. Inúmeros são os projetos de reforma concebidos no período: Reforma Benjamin Constant (1890), Reforma Epitácio Pessoa(1901), Reforma Rivaldávia Correia(1911), Reforma Carlos Marximiano (1915) e Reforma João Luiz Alves(1925).
Na República Velha não tivemos grandes feitos em prol da educação, mas medidas isoladas em forma de decretos, o que não garantiu a sociedade brasileira uma educação com foco na qualidade e comprometida com a forma de governo democrática e com os anseios do povo, onde não se preocupou com a formação do professor. Além disso, é importante destacar o crescimento do ensino privado e, em conseqüência, o distanciamento cada vez maior das camadas populares ao acesso a escola.
Vale ressaltar que na Republica Velha prevaleceu a constituição de 1881. Nela o sistema educacional se apresentou como um aparelho ideológico do Estado, pois não apresentou um aprofundamento da autonomia da escola, descaracterizando o seu papel social e dando a identidade assistencialista. É necessário mostrar ainda que a Constituição de 1881 manteve a vulnerabilidade da escola diante do seu papel como uma instituição voltada para a sociedade, na realidade esta constituição não incluía nenhum artigo sobre os direitos dos trabalhadores ou mesmo sobre a justiça social.
O movimento de 1930 não significou uma alteração significativa nas estruturas sociais, apenas uma mudança no comando político, quando as velhas oligarquias foram substituídas pela emergente elite industrial. Do ponto de vista educacional, a criação do ministério da educação representou o fato mais importante a ser registrado. Destaca-se ainda o incentivo ao ensino superior com a criação da Universidade de São Paulo e a vinda de professores estrangeiros.
As sucessivas crises políticas durante a Era Vargas, o Estado Novo e a instabilidade econômica afetaram o não desenvolvimento do sistema educacional. Com o retorno a realidade democrática e o surgimento da Assembléia Constituinte de 1946 não podemos afirmar que o sistema educacional passa a ser uma prioridade nas discussões. Prova disto é que somente no ano de 1961 surge a Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB (4.024/61), que não atingiu a realidade da sociedade brasileira, que naquela época passava pelo processo de industrialização e com isso crescia a população urbana analfabeta, fato esse acelerado pelo êxodo rural.
Vale ressaltar que a estrutura do Estado revela a emergência das classes populares e a necessidade da incorporação delas ao jogo político, uma vez que o populismo tornou-se o aparelho de manipulação de nossa sociedade.
Para atender a demanda do crescimento da população urbana o Estado decretou uma série de medidas que resultou num conjunto de ações que tornou a escola desqualificada, onde se preocupou apenas com a abertura de vagas, imprimindo a redução do período letivo, a promoção automática, aprovação compulsória, sem preocupação com a qualificação do professor, entre outros fatores, o que não primou pela qualidade de ensino. Romanelli (2002, p. 27) analisa que:
O movimento de 1964 desenvolvia o Brasil abrindo-o aos monopólios internacionais, isto quer dizer que as necessidades da população brasileira se colocava em segundo lugar, ficando em primeiro os interesses do mercado externo, disseminados por estrangeiros.
O golpe de 1964 levou a educação brasileira a uma situação em que o direito de pensar e refletir era mais uma vez tolhido, diante da imposição do poder central em determinar o “saber” que ele queria impor. As universidades se já não cumpriam seu papel, passaram a ser um alvo ideal para os ideais do poder.
Assim como na ditadura de Vargas, a ditadura militar impôs um currículo que defendia exclusivamente a política do governo, alem de mascarar para o povo brasileiro a realidade que imperava em nossa sociedade, onde o direito de pensar e se expressar livremente passou a ser uma reprodução maquilada da situação real de nossa sociedade.
Analfabetismo, evasão, reprovação e ensino de má qualidade foram as marcas da educação escolar brasileira desde o período colonial até a redemocratização brasileira concretizada com a constituição de 1988. Esta carta, fruto de intensa mobilização popular, já aponta para a perspectiva da educação como um direito do povo e dever do Estado; representa, portanto, um passo importante, mais ainda não definitivo para a conquista da cidadania.
Ressaltamos que somente em 1996 a Lei de Diretrizes e Base da Educação foi aprovada (Lei nº 9394/96), depois de oito anos de discussões no Congresso Nacional. Como conseqüência da nova LDB é aprovada a Lei de nº 9424/96 que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF), que é um fundo de natureza contábil com vigência de (10) dez anos, onde determina que 60% dos recursos oriundos dos 15% do quadro de impostos: ICMS, FPM, IPI, IPVA, sejam gastos como despesas de pagamento e professores e na sua valorização.
A proposta de estabelecer uma relação de vinculação de recursos para a Educação Básica em especial no Ensino Fundamental com a criação do FUNDEC desencadeia uma ampla reforma na grade curricular através dos ( PCNs) Parâmetros Curriculares Nacionais, que oferece a escola ou aos Sistemas Educacionais liberdade de criação de seus currículos buscando a cidadania do aluno.
Neste sentido, com a conquista do processo democrático nos últimos anos e a necessidade de construir a cidadania no Brasil, a escola passou a privilegiar o saber produzido pela sociedade de que o aluno é portador. Além disso, a valorização de temáticas e conteúdos relacionados ao saber popular, a escola como lugar de interação entre o conhecimento científico e popular, são conquistas cada vez mais importantes e urgentes. Por isto, a presença de Patativa e de sua poesia na cidade de Assaré é uma dádiva que não pode ser esquecida, nem desperdiçada. O ensino escolar tem muito o que aprender com o ensino para a vida presente nas poesias do poeta-maior da Serra de Santana.
Patativa: o homem-pássaro e o saber libertário
A realização desta pesquisa no sentido de introduzir a cultura popular no currículo das escolas do Município de Assaré corresponde às dimensões sócio-culturais que a obra do poeta Patativa do Assaré evoca. Se caracteriza, portanto, numa pluralidade admissível a realidade de nossas escolas.
Patativa do Assaré é a síntese de todos poetas populares do Brasil, embora tendo a consciência que, mesmo com uma linguagem simples, ele conseguiu traduzir a história do homem atual sem ferir os brios e as regras da literatura, tendo como característica a luta dos pobres e oprimidos, demonstrando a necessidade de sua libertação:
O pinto prizioneiro
pra sair do cativeiro
veve bastante a lutar,
bate o bico, bate o bico,
bate o bico, tico tico
pra poder se libertar.
Como vimos o poeta usa o exemplo do pinto na busca da vida para despertar nas pessoas a consciência crítica de sua condição social com o objetivo de engajar o homem num processo de luta, buscando sua própria libertação.
Historicamente os conteúdos programáticos dados na disciplina de Ciências Humanas se restringem a contar fatos históricos, esquecendo de contextualizar as lutas protagonizadas pelo povo na conquista dos seus ideais e seus objetivos, de certa forma mascarando a realidade dos fatos dando crédito às conquistas apenas aqueles que estão ou mantém o poder. De acordo com Carvalho (2002, p. 103):
Patativa propõe uma luta, sem tréguas, entre o pessoal e o solidário, entre o que amealha para si e o que sonha com uma construção de um mundo mais justo. Luta contra o inimigo/monstro bicho de sete cabeças, chamado sistema, como todas as suas iniqüidades.
A condição social do povo nos livros didáticos e conseqüentemente nos conteúdos programáticos é distante da realidade, sobretudo no que se refere à roça, situação de moradia e financeira do morador da zona rural. Os conteúdos discutidos deixam transparecer uma realidade distante para o aluno e leitor. É a incoerência do discurso para o mundo que vivemos.
A linguagem de Patativa do Assaré é marcante e presente no dia a dia de nosso povo, onde de forma direta ele consegue ter a visão do mundo, na ótica da sociedade moderna, o que compreende a linguagem do poeta com a linguagem de nossos educadores e educandos.
Patativa com sua poesia tem uma consciência e uma visão de mundo extraordinária, onde ele consegue ser uma referência para os estudiosos da cultura popular, aspecto que nos leva a acreditar que esse acervo literário e cultural deve estar inserido no conteúdo da escola, não só como forma de disciplina, mas também como fundamentação para a interdisciplinaridade.
A política é uma presença marcante na poesia de Patativa, onde a filosofia é o mote que o evidencia a dialética social, pois sua poesia brota da sua intelectualidade matuta que reproduz a história do homem e da mulher na sociedade. Segundo Carvalho (2002, p. 48):
A consciência da cidadania e essa aceitação das dores do mundo dão uma dimensão de sua ética pessoal E de sua empreitada de criar e tentar modificar o Mundo a partir das palavras.
A multiplicidade da obra de Patativa é um acervo cultural que transmite e questiona a condição de cidadania em que vive um povo, mais abre numa perspectiva realista a possibilidade de se buscar uma sociedade mais justa e humana.
È nesse ponto de conflitos entre o discurso e a política social que envolve um processo sociopolitico, econômico e cultural que nos leva a desafiar e acreditar que a inclusão da literatura popular no sistema educacional de Assaré significa incorporar nossos valores numa perspectiva de falar a “língua dos homens”.
Portanto, é nessa perspectiva democrática e libertária que iremos instigar os educadores de Assaré a incluir no currículo das escolas de nosso município a disciplina que verse sobre a Cultura Popular ressaltando a obra de Patativa do Assaré.
A Poesia de Patativa: um esboço teórico
Embasado na concepção histórica – crítica encontramos na interpretação do pensamento marxista: “A realidade não é aquilo que herdados do passado, o mundo objetivo do qual nos descobrimos lançados, mas aquilo que as mãos podem fazer...” (ALVES, 1993, p.15) e estendendo – se na leitura, compreendemos que se a mão produz , a uma mente que pensa e em se tratando de Patativa do Assaré há em seu canto poético todo um fazer histórico. “Patativa penetra mais fundo na realidade do abandono sertanejo” (NUVEM, 1995, p.) porém não limita a versejar só a vida do homem do campo.
No clássico poema o “Alço e Gasolina” Patativa mostra um vasto conhecimento da mecânica de um carro, revela no “Disgosto de Medêno” as intrigas de família em tempo numa cidade do interior.
Patativa anuncia sua chegada no céu e seu encontro com o poeta Castro Alves na sua poesia “Morrer sem morrer de veras” e o faz de forma agradável e prazerosa.
Anuncia, denuncia o domínio de um capital externo determinando a vida da maioria do povo brasileiro.
Ave, Patativa. As Palavras são imperfeitas para tentar esboçar um perfil por mais apressado que seja, esgarçado e tênue, impreciso e rígido Patativa do Assaré é a própria voz que anuncia, conciliando a natureza e cultura, engenho e arte, razão e emoção. (CARVALHO, 2000, p.52).
A genialidade do nosso poeta atravessa fronteiras, observa Sales Andrade em seu trabalho monográfico (apud Rodrigues, 1996, p.50), transcrevendo o seguinte trecho de poesia:
Perdi meu ôio direito
ficando mesmo imperfeito
sem vê nem perto, nem longe,
mas logo me conformei
por saber que assim fiquei
parecido com Camões.
E comenta o professor Sales (Idem): “A falta de qualquer outro traço positivo no episódio, ressalta com humor a semelhança de sua desventura com a que vitimou Camões, mostrando – se orgulhoso e consolado por esse mistério, em afinidade entre ele e o bando português" e completando Sales Andrade ressaltamos o humor do poeta transforma um ato dramático em versos humorísticos e isso faz com que percebamos Patativa do Assaré como um alegre que brinca com a fatalidade da vida.
E nesse seu jeito de interagir com a vida que tem um reconhecimento de um Brasil inteiro, podendo se encontrar indícios de seu canto em ninhos internacionais.
Afirmar que a Educação é elitista na visão do poeta é pretensão, mas que ela ainda está muito distante das classes mais baixas é uma dura realidade que somos obrigados a conviver.
Em relação a situação do homem do campo, acreditamos que Patativa conta sua própria história em forma de versos, além de retratar a vida sofrida e cheia de adversidades que o sertanejo sofre em busca de sua sobrevivência.
A seca é fato que acontece em nosso “Torrão Querido”, desde a chegada dos portugueses, mas nada de concreto foi feito para acabar com esse problema social. Patativa com sua sapiência consegue ter uma visão crítica dos problemas que a seca atinge a nossa população do campo como demonstra o poema " O Nordestino em São Paulo":
Em conseqüência de uma seca horrível,
Para São Paulo o Nordestino vai
Leva no peito uma lembrança incrível
Da boa terra onde morreu seu pai
Quando noticia do Nordeste tem
Com um inverno de mandar plantar
maior saudade no seu peito vem,
escravizado sem poder voltar.
Porém em “A Triste Partida”, ele consegue traduzir toda a história de sofrimento que os retirantes da seca passam, da saída de seu habitat natural até sua chegada a terra de estranhos, onde se sujeitam a exploração, a escravidão e a discriminação.
Setembro passou com outubro
e novembro
já tamo em dezembro
Meu Deus, que é de nós?
Assim fala o pobre do seco nordeste,
Com medo da peste,
Da fome feroz.
A política é uma presença marcante na poesia de Patativa, onde a filosofia é o mote que evidencia a dialética social, pois sua poesia brota do seu intelecto, como “um pé de milho que ele roçava na Serra de Santana”.
Patativa nunca se preocupou com a censura, mesmo na repressão política e policial iniciada em 1964 e que durou por cerca de 20 anos. ele não deixou de gritar, através de sua poesia , a situação que o poder impôs a sociedade brasileira:
“Mote Glosas”
Quando passar a chacina
Que surge de dia a dia
E o tráfico de cocaína,
E a real democracia
Seguir os caminhos certos
E os Chicos Mendes libertos
Das balas dos pistoleiros,
Diremos em nossa terra
Por vale sertão e serra,
Viva o povo brasileiro
Quando o artista que tem fama
E ocupa o televisor,
ó apresentar programa
De moral, de paz e amor,
Quando o cruel mercenário
Este monstro sanguinário
Deixar de ganhar dinheiro
Pra matar seus semelhantes
E na houver assaltantes
Viva o povo brasileiro
Quando o infeliz agregado
Se libertar do patrão
Pra morar sucegado
No seu pedaço de chão,
Quando uma reforma agrária
Que sempre foi necessária
Para o caboclo roceiro,
Foi criada e registrada
Em nossa pátria adorada,
Viva o povo brasileiro
O sonho de nossa gente
Foi sempre viver feliz
Trabalhando independente
Em nosso grande pais,
Quando o momento chegar
do nosso Brasil pagar
o que deve ao estrangeiro,
o maior prazer teremos
e libertos gritaremos
viva o povo brasileiro!
Portanto, ANTONIO GONÇALVES DA SILVA , “Patativa do Assaré”, cuja a poesia se faz cidadã, atua na crítica do social e que não se descola daquela ancestralidade, do vigor de quem, como Adão, nomeia as coisas que estão no mundo, como afirma Carvalho (2000).
Entender a importância de Patativa do Assaré para a cultura popular brasileira é investigar o contexto histórico – cultural dos últimos anos, buscando uma identidade que traduza a universalidade poética do poeta e com isso inserir a sua vida e a sua obra no currículo das escolas da rede Municipal e conseqüentemente na Grade Curricular.
Porém mesmo cantando lá, o que se vivencia e de observa e sente cá em Assaré nas suas bibliotecas e escolas, é que não existem livros do profeta poeta.
Propondo uma Metodologia e Analisando a Discussão: inserção da poesia popular na grade curricular
Para investigarmos a cerca do relacionamento da poesia de Patativa com seus conterrâneos, optamos em trabalhar com as comunidades escolares das cinco regiões geográficas do município, pois acreditamos dessa forma atingirmos o universo populacional que comprove a validade da pesquisa. A amostra representa um quarto da população do município de cerca de 5 mil pessoas que foram investigadas.
A pretensão de realizar uma pesquisa explicativa possibilitou a identificação dos elementos que determinam a inaceitabilidade do poema e da vida de Patativa do Assaré nas escolas.
De início fizemos um seminário sobre o tema, voltado para as comunidade escolar das maiores escolas do município que perfaz um total de 08 escolas, que atingiu um universo de 5 mil pessoas ( professores, coordenador pedagógico, diretores, gestores).
No seminário foram aplicados questionários que buscaram informações dos participantes acerca da obra e vida do poeta. Com isso detectamos o grau de conhecimento da comunidade escolar em relação ao tema, subsidiando – nos na busca dos elementos explicativos da investigação proposta.
O número de participantes do seminário serviu como fator de entendimento a cerca do envolvimento da comunidade escolar com o poeta. Por se tratar de um número abrangente de pessoas que foram investigadas o seminário foi realizado através da EAD (Estudos a Distância) gravada em fita de vídeo e as respostas dos questionários foram entregues através de mensageiros e pesquisadores.
Feita a compreensão dos resultados dos seminários voltamos às comunidades escolares para uma apresentação de uma síntese dos trabalhos, momento esse, que foi presencial, pois objetivou sensibilizar toda comunidade escolar a aceitar a obra e poesia de Patativa enquanto componente curricular.
Após essa fase de fomentação para o estudo de obra e vida do poeta, criamos um sistema de tutoria usando os mecanismos convencionais e as novas tecnologias para que o tutor fizesse um acompanhamento das ações dos professores no processo de ensino/aprendizagem.
Devemos salientar que a Secretaria de Educação disponibilizou as sedes dos pólos com telefones, fax, salas de computadores e mensageiros para facilitar a interatividade entre os tutores, professores e alunos.
A inserção da disciplina de Cultura Popular no currículo escolar de Assaré passará inicialmente por um processo de capacitação com os núcleos gestores e professores das unidades escolares com profissionais estudiosos da área, que terão um acompanhamento sistemático e permanente por tutores habilitados.
Os diretores responsáveis pelas unidades escolares deverão se reunir uma vez por mês, sempre no último dia de cada mês, para junto com os tutores, analisar as dificuldades de cada escola. A cada mês os tutores se reunirão com os professores nos pólos para supervisionarem as práticas pedagógicas, e juntos encontrarem soluções para os problemas existentes.
Na segunda semana de janeiro haverá oficinas e planejamentos para todos os professores do ensino infantil e do ensino fundamental na sede dos municípios. A cada bimestre os tutores farão uma reunião com a comunidade escolar, sempre no final das avaliações, para que a mesma venha a ter participação na avaliação da escola, tanto no que diz respeito ao rendimento do aluno e conseqüentemente da escola e se ela está atendendo as expectativas da comunidade.
Os encontros com os tutores serão após as reuniões das comunidades e dos professores para avaliação do funcionamento do sistema educacional dos municípios.
Além dos encontros de capacitação programados no calendário, sempre que necessário haverá outros encontros. A cada encontro serão convidados professores especializados de órgãos governamentais e não governamentais, além dos tutores.
Nos encontros de capacitação quando o professor terá que se deslocar do seu lugar de origem, ele receberá uma bolsa para o pagamento de passagens e alimentação ficará por conta da Secretaria de Educação.
Os programas de habilitação dos professores leigos serão feitos em parceria: para os leigos do ensino médio com a secretaria de Educação Básica do Estado e para os leigos em Licenciatura Plena com a Universidade Regional do Cariri – URCA e a Universidade Estadual do Ceará – UECE.
Considerações Finais
A nossa expectativa com a implantação desse programa é muito grande, porque acreditamos que o poder público municipal, em parceria com órgãos governamentais e não governamentais, implemente e gerencie uma política educacional de qualidade e que conduza para um serviço viável em diferentes níveis.
O resgate da dignidade dos profissionais da educação, através de uma remuneração mais justa e condizente com a importância de seu papel, além de proporcionar um programa, onde o professor venha no decorrer de sua cidadania pedagógica se capacitando e participando ativamente das transformações sociais que a sociedade está passando.
Resgatar a confiança da Escola Pública Municipal principalmente quando se encontra uma rede de escolas com professores desestimulados, desacreditados, despreparados profissionalmente e mal remunerados.
Portanto, é preciso definir prioridades e o que achamos prioritário é resgatar a dignidade do professor, o que implica fornecer subsídios para que ele exerça de forma competente e responsável a sua função.
Referimo-nos a Patativa do Assaré, um ícone da cultura popular, que conduz em versos o universo dos excluídos socialmente. Em seu canto poético o Senhorzinho da Poesia é sensível com causas da mulher, do índio, do menor abandonado, do agricultor, dos sem teto e terra, entre outros problemas sociais brasileiros que Patativa anuncia e denuncia. Entretanto, a educação do município de Assaré não vem se aproveitando da produção cultural deste poeta popular que conta toda uma história de como vive a maior parcela do povo.
Nas escolas, os núcleos gestores, professores e alunos desconhecem a obra poética reflexológica do poeta e sua aparição nas mesmas e muito limitada, restringindo-se apenas a semana do seu aniversário em que alunos fazem cópias de algumas poesias ou de desenhos de fotografias. E isso só acontece há cerca de quatro anos
Embora leve o nome de Assaré as mais longínquas localidades, rompendo fronteiras internacionais na divulgação do seu nome e abrindo espaço em mercado turístico, em Assaré pouco se sabe da obra de Patativa, para ressaltar esse adversidade citada lembramos que não existe nenhum livro de sua autoria nas escolas e nas bibliotecas da cidade.
É pretensão nossa criar mecanismos e elementos que proporcione aos docentes de Assaré um projeto pedagógico que vise a implantação da disciplina Cultura Popular no currículo de nossas escolas, tendo como referência o Poeta Patativa do Assaré.
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Francisco Eugênio Costa Oliveira
Anna Christina Farias de Carvalho
Resumo
Partindo da análise dos conteúdos programáticos apresentados nas escolas este artigo apresenta uma proposta de inserção da literatura popular, tendo como referência a obra literária de Patativa do Assaré no currículo das escolas do município de Assaré.
Por ser Patativa do Assaré um filósofo sertanejo denunciador das injustiças sociais não há uma política de divulgação de sua obra.
A formação epistemológica dos educadores não permite fazer uma relação da poesia de Patativa com os conteúdos curriculares e a não existência de um trabalho com as suas poesias faz com que os alunos e pais não tenham o conhecimento da produção do seu trabalho.
O processo norteado deste artigo não está ligado ao bairrismo corporativista, mas com a valorização do agricultor que se fez poeta e que tão bem retratou a história do homem e do seu convívio com a natureza, numa linguagem pura e própria e de uma compreensão universal.
Palavras - Chaves: Cultura Popular, Currículo, Patativa do Assaré
Introdução
A educação é um processo que existe desde que é sabida a existência do homem e da mulher no mundo, e compreende a formação do indivíduo na sociedade na qual estão inseridos. Somos conscientes de que a estrutura educacional sempre esteve e está nas mãos do Estado, pois cabe ao Estado proporcionar aos cidadãos na sua formação intelectual.
Entretanto, a educação protagonizada pelo Estado funciona em defesa dos princípios ideológicos que ele pratica e que ele quer impor, nos quais a opressão do saber é a obviedade necessária para manutenção do poder, pelo poder e para o poder (FOUCAULT, 2000). Na realidade os sistemas educacionais refletem o posicionamento da sociedade e a forma de governo que está no centro do poder.
A trajetória do sistema educacional vigente protagonizada pelo Estado é marcada pelo fracasso que se concretiza através dos indicadores que caracterizam o distanciamento do discurso à realidade da nossa sociedade.
No âmbito de nossas preocupações e correspondentes esforços situa – se esta pesquisa, cujos objetivos podem ser descritos em sentido amplo como identificar e analisar as percepções dos alunos, professores e pais sobre o distanciamento dos conteúdos dados nas escolas de Assaré com a realidade local; esta situação resulta em conseqüências negativas sobre aprendizagem dos alunos e que, sem dúvida, acarretarão no fracasso escolar.
Não podemos afirmar que o fracasso escolar se deve exclusivamente ao baixo rendimento do aluno, mas também àqueles alunos que não conseguem se adaptar as normas do sistema educacional, que são alvo de referência neste artigo, bem com a grade curricular e os conteúdos programáticos das escolas. Vale ressaltar que o fracasso escolar é produzido pela ação dos seres humanos, que tem como resultado a evasão escolar, a repetência, a reprovação e conseqüentemente o alto índice de analfabetismo.
O processo histórico que envolve o sistema educacional brasileiro, que vem desde a colonização até a mais recente redemocratização do país, nos remete a considerar que estamos produzindo uma escola marcada pela imposição ideológica do poder central, levando –se em consideração que historicamente as nossas escolas foram marcadas por longos períodos centralizadores e ditatoriais. Este sistema educacional autoritário, voltado para a formação dos filhos das elites, produziu um distanciamento das escolas dos saberes e conhecimentos produzidos pelas comunidades, pela cultura popular, cujo resultado é o sentimento de não identificação entre o aluno e o saber escolar.
Este artigo, portanto, objetiva fazer uma análise histórica da educação no Brasil e, mais particularmente, no município de Assaré, na tentativa de mostrar a não adequação do currículo escolar à realidade local, o que acreditamos venha a ser um dos principais problemas da atual política educacional no Brasil, reforçando e reproduzindo o secular distanciamento entre os cidadãos e a escola.
A educação no Brasil: a reprodução do saber escolar para as elites
Ao longo do período colonial os jesuítas tiveram a função de desencadear o processo de imposição da cultura européia no povo nativo, além de fortalecer o poderio da Igreja Católica. Os jesuítas no Brasil tiveram uma importância muito grande para a manutenção do poder de Portugal porque, além de divulgar o catolicismo, fortalecia sua relação com o Estado que muitas vezes interferia nas ações publicas, ressaltando a resistência da Companhia de Jesus em não permitir que os colonizadores escravizassem os índios, por este motivo ela foi conivente com o tráfego e conseqüente escravidão dos negros da África e Ásia (ROMANELLI, 2002). Deve ressaltar que além de mascarar o índio de sua realidade, fazendo – os esquecer de seus valores culturais, os jesuítas se beneficiaram dos produtos confeccionados pelos indígenas.
Com essa e outras ações, a Companhia de Jesus assegurou a hegemonia de Portugal. Romanelli (2002, p. 28) assim se posiciona diante deste acontecimento:
Na fase colonial, este tipo de ação escolar é também o instrumento do qual vai servir – se a sociedade nascente para impor e preservar esta cultura marcada pelo autoritarismo, e pela quase absoluta ausência de possibilidade de inovação.
Com a ascensão de D. Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, como chefe de Estado do Reino de Portugal, ocorrem modificações no sistema educacional. Estadista respeitado e enérgico, o Marquês de Pombal não acreditava na qualidade de ensino dos jesuítas, discordando dos seus métodos e do monopólio do clero no sistema educacional; esses atritos entre a Igreja e o Estado contribuíram em grande medida para a decadência de Portugal em relação às outras nações européias.
No século XVIII o Brasil entrou no ciclo do ouro, onde Minas Gerais veio a se transformar no centro das atenções do Marquês de Pombal, passando a controlar a comercialização e criando uma infra – estrutura que contribuísse para melhorar as condições de extração do minério. Paralelamente, a corrida do minério fomentou a criação de escolas que atendessem aos filhos das famílias que fossem trabalhar na exploração do metal precioso.
A reforma pombalina não trouxe maiores conseqüências no sentido de se fazer uma educação voltada para atender as transformações sociais que os países do Velho Mundo estavam passando e, conseqüentemente, suas colônias acompanhariam, pois nesse momento histórico Portugal estava em processo de decadência enquanto potência européia. As outras nações da Europa, sobretudo a Inglaterra, haviam superado os entreves feudais ao capitalismo e o conhecimento se voltava cada vez mais para a modernização das técnicas de produção que desaguaram na chamada Revolução Industrial.
Somente em 1768 é promulgada a lei da criação de Real Mesa Censória que tinha a função de “cuidar dos negócios da educação”. Porém a partir de novembro de 1772 Portugal autorizou a criação das escolas públicas em suas colônias, esquecendo de alocar recursos para o financiamento do sistema educacional. Como medida importante deste período destaca-se a criação do subsídio literário, imposto esse que passou a fazer parte do orçamento da Colônia (Romanelli, 2002).
É interessante que o estágio probatório já existia naquela época, onde o professor passava por um período de um ano de adaptação e sendo avaliado pelo seu desempenho, só após esse período é que o professor era contratado por mais seis meses.
Com todo esse aparato na escolha dos professores não houve nenhum crescimento significativo na educação, isso em virtude da interferência política e a má remuneração dos professores, além de apresentar uma estrutura curricular fora da realidade e do contexto social de sociedade colonial, demonstrando assim o distanciamento da escola com a realidade vivida pelo povo, o que nos remete a reafirmar a elitização do sistema educacional no Brasil, caracterizando o distanciamento da qualidade de ensino. A educação era privilégio, e não um direito, concedido apenas aos homens brancos e de posses. A grande maioria da população – constituída de índios, mulheres, escravos e homens pobres, estavam completamente excluídos do sistema de ensino escolar.
Com a proclamação da Independência, conduzida em 1822 pelo Imperador Pedro I, cria – se no povo brasileiro a esperança da construção de uma nação voltada para os interesses e os anseios da população, principalmente com a formação de uma Assembléia Constituinte que elaborou a primeira Constituição brasileira. No entanto, se estabelece também um clima de divergência entre o Imperador e os deputados da Assembléia que é dissolvida, sendo constituído um Conselho de Estado para refazer e elaborar o projeto anteriormente apresentado, impondo a marca e vontade do Monarca e garantindo seu poder centralizador e a intervenção na vida publica do país através da criação do Poder Moderador, este estaria acima de todos os outros poderes constituídos.
No que se refere à educação, é determinada a gratuidade do ensino primário, se institui a criação de colégios e universidades no país, o ensino religioso (católico) é parte integrante nos currículos e programas, cabendo ao Estado a responsabilidade administrativa do sistema educacional. Porém, com o ato educacional de 1834 essa responsabilidade passa a ser das Assembléias Legislativas das Províncias, com exceção dos cursos universitários.
O desgaste de D. Pedro I é grande diante do seu autoritarismo; o seu envolvimento político com a coroa portuguesa culminou com o afastamento dos liberais do governo e sua abdicação do trono em favor do seu filho D. Pedro II.
A transição do Primeiro Reinado para o Segundo Reinado é marcada por conflitos políticos e econômicos, onde o sistema educacional permaneceu o mesmo, isso em virtude dos deputados dos liberais modernos e dos exaltados nas decisões políticas, o que levou a antecipação da maioridade de D. Pedro II (Romanelli, 2002).
No Segundo Reinado o parlamentarismo é implantado e o Imperador passa a responsabilidade do governo aos seus ministros, se dedicando apenas às atividades culturais. O país mergulha numa crise social sem procedência levando a sociedade brasileira entrar num processo de insatisfação com o governo.
Com o advento da Proclamação da República em 1889 a sociedade brasileira permaneceu alicerçada nas influências das oligarquias rurais, as idéias republicanas incorporavam o pensamento da manutenção do poder dos coronéis. O fim da escravidão no ano anterior ocorreu muito mais em razão das pressões externas do que mesmo no sentimento libertário para com os negros. A estrutura excludente permanecia.
De acordo com Vieira (2002, p. 13):
Os conturbados tempos da Primeira República trazem com eles anseios de mudanças na educação. Inúmeros são os projetos de reforma concebidos no período: Reforma Benjamin Constant (1890), Reforma Epitácio Pessoa(1901), Reforma Rivaldávia Correia(1911), Reforma Carlos Marximiano (1915) e Reforma João Luiz Alves(1925).
Na República Velha não tivemos grandes feitos em prol da educação, mas medidas isoladas em forma de decretos, o que não garantiu a sociedade brasileira uma educação com foco na qualidade e comprometida com a forma de governo democrática e com os anseios do povo, onde não se preocupou com a formação do professor. Além disso, é importante destacar o crescimento do ensino privado e, em conseqüência, o distanciamento cada vez maior das camadas populares ao acesso a escola.
Vale ressaltar que na Republica Velha prevaleceu a constituição de 1881. Nela o sistema educacional se apresentou como um aparelho ideológico do Estado, pois não apresentou um aprofundamento da autonomia da escola, descaracterizando o seu papel social e dando a identidade assistencialista. É necessário mostrar ainda que a Constituição de 1881 manteve a vulnerabilidade da escola diante do seu papel como uma instituição voltada para a sociedade, na realidade esta constituição não incluía nenhum artigo sobre os direitos dos trabalhadores ou mesmo sobre a justiça social.
O movimento de 1930 não significou uma alteração significativa nas estruturas sociais, apenas uma mudança no comando político, quando as velhas oligarquias foram substituídas pela emergente elite industrial. Do ponto de vista educacional, a criação do ministério da educação representou o fato mais importante a ser registrado. Destaca-se ainda o incentivo ao ensino superior com a criação da Universidade de São Paulo e a vinda de professores estrangeiros.
As sucessivas crises políticas durante a Era Vargas, o Estado Novo e a instabilidade econômica afetaram o não desenvolvimento do sistema educacional. Com o retorno a realidade democrática e o surgimento da Assembléia Constituinte de 1946 não podemos afirmar que o sistema educacional passa a ser uma prioridade nas discussões. Prova disto é que somente no ano de 1961 surge a Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB (4.024/61), que não atingiu a realidade da sociedade brasileira, que naquela época passava pelo processo de industrialização e com isso crescia a população urbana analfabeta, fato esse acelerado pelo êxodo rural.
Vale ressaltar que a estrutura do Estado revela a emergência das classes populares e a necessidade da incorporação delas ao jogo político, uma vez que o populismo tornou-se o aparelho de manipulação de nossa sociedade.
Para atender a demanda do crescimento da população urbana o Estado decretou uma série de medidas que resultou num conjunto de ações que tornou a escola desqualificada, onde se preocupou apenas com a abertura de vagas, imprimindo a redução do período letivo, a promoção automática, aprovação compulsória, sem preocupação com a qualificação do professor, entre outros fatores, o que não primou pela qualidade de ensino. Romanelli (2002, p. 27) analisa que:
O movimento de 1964 desenvolvia o Brasil abrindo-o aos monopólios internacionais, isto quer dizer que as necessidades da população brasileira se colocava em segundo lugar, ficando em primeiro os interesses do mercado externo, disseminados por estrangeiros.
O golpe de 1964 levou a educação brasileira a uma situação em que o direito de pensar e refletir era mais uma vez tolhido, diante da imposição do poder central em determinar o “saber” que ele queria impor. As universidades se já não cumpriam seu papel, passaram a ser um alvo ideal para os ideais do poder.
Assim como na ditadura de Vargas, a ditadura militar impôs um currículo que defendia exclusivamente a política do governo, alem de mascarar para o povo brasileiro a realidade que imperava em nossa sociedade, onde o direito de pensar e se expressar livremente passou a ser uma reprodução maquilada da situação real de nossa sociedade.
Analfabetismo, evasão, reprovação e ensino de má qualidade foram as marcas da educação escolar brasileira desde o período colonial até a redemocratização brasileira concretizada com a constituição de 1988. Esta carta, fruto de intensa mobilização popular, já aponta para a perspectiva da educação como um direito do povo e dever do Estado; representa, portanto, um passo importante, mais ainda não definitivo para a conquista da cidadania.
Ressaltamos que somente em 1996 a Lei de Diretrizes e Base da Educação foi aprovada (Lei nº 9394/96), depois de oito anos de discussões no Congresso Nacional. Como conseqüência da nova LDB é aprovada a Lei de nº 9424/96 que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF), que é um fundo de natureza contábil com vigência de (10) dez anos, onde determina que 60% dos recursos oriundos dos 15% do quadro de impostos: ICMS, FPM, IPI, IPVA, sejam gastos como despesas de pagamento e professores e na sua valorização.
A proposta de estabelecer uma relação de vinculação de recursos para a Educação Básica em especial no Ensino Fundamental com a criação do FUNDEC desencadeia uma ampla reforma na grade curricular através dos ( PCNs) Parâmetros Curriculares Nacionais, que oferece a escola ou aos Sistemas Educacionais liberdade de criação de seus currículos buscando a cidadania do aluno.
Neste sentido, com a conquista do processo democrático nos últimos anos e a necessidade de construir a cidadania no Brasil, a escola passou a privilegiar o saber produzido pela sociedade de que o aluno é portador. Além disso, a valorização de temáticas e conteúdos relacionados ao saber popular, a escola como lugar de interação entre o conhecimento científico e popular, são conquistas cada vez mais importantes e urgentes. Por isto, a presença de Patativa e de sua poesia na cidade de Assaré é uma dádiva que não pode ser esquecida, nem desperdiçada. O ensino escolar tem muito o que aprender com o ensino para a vida presente nas poesias do poeta-maior da Serra de Santana.
Patativa: o homem-pássaro e o saber libertário
A realização desta pesquisa no sentido de introduzir a cultura popular no currículo das escolas do Município de Assaré corresponde às dimensões sócio-culturais que a obra do poeta Patativa do Assaré evoca. Se caracteriza, portanto, numa pluralidade admissível a realidade de nossas escolas.
Patativa do Assaré é a síntese de todos poetas populares do Brasil, embora tendo a consciência que, mesmo com uma linguagem simples, ele conseguiu traduzir a história do homem atual sem ferir os brios e as regras da literatura, tendo como característica a luta dos pobres e oprimidos, demonstrando a necessidade de sua libertação:
O pinto prizioneiro
pra sair do cativeiro
veve bastante a lutar,
bate o bico, bate o bico,
bate o bico, tico tico
pra poder se libertar.
Como vimos o poeta usa o exemplo do pinto na busca da vida para despertar nas pessoas a consciência crítica de sua condição social com o objetivo de engajar o homem num processo de luta, buscando sua própria libertação.
Historicamente os conteúdos programáticos dados na disciplina de Ciências Humanas se restringem a contar fatos históricos, esquecendo de contextualizar as lutas protagonizadas pelo povo na conquista dos seus ideais e seus objetivos, de certa forma mascarando a realidade dos fatos dando crédito às conquistas apenas aqueles que estão ou mantém o poder. De acordo com Carvalho (2002, p. 103):
Patativa propõe uma luta, sem tréguas, entre o pessoal e o solidário, entre o que amealha para si e o que sonha com uma construção de um mundo mais justo. Luta contra o inimigo/monstro bicho de sete cabeças, chamado sistema, como todas as suas iniqüidades.
A condição social do povo nos livros didáticos e conseqüentemente nos conteúdos programáticos é distante da realidade, sobretudo no que se refere à roça, situação de moradia e financeira do morador da zona rural. Os conteúdos discutidos deixam transparecer uma realidade distante para o aluno e leitor. É a incoerência do discurso para o mundo que vivemos.
A linguagem de Patativa do Assaré é marcante e presente no dia a dia de nosso povo, onde de forma direta ele consegue ter a visão do mundo, na ótica da sociedade moderna, o que compreende a linguagem do poeta com a linguagem de nossos educadores e educandos.
Patativa com sua poesia tem uma consciência e uma visão de mundo extraordinária, onde ele consegue ser uma referência para os estudiosos da cultura popular, aspecto que nos leva a acreditar que esse acervo literário e cultural deve estar inserido no conteúdo da escola, não só como forma de disciplina, mas também como fundamentação para a interdisciplinaridade.
A política é uma presença marcante na poesia de Patativa, onde a filosofia é o mote que o evidencia a dialética social, pois sua poesia brota da sua intelectualidade matuta que reproduz a história do homem e da mulher na sociedade. Segundo Carvalho (2002, p. 48):
A consciência da cidadania e essa aceitação das dores do mundo dão uma dimensão de sua ética pessoal E de sua empreitada de criar e tentar modificar o Mundo a partir das palavras.
A multiplicidade da obra de Patativa é um acervo cultural que transmite e questiona a condição de cidadania em que vive um povo, mais abre numa perspectiva realista a possibilidade de se buscar uma sociedade mais justa e humana.
È nesse ponto de conflitos entre o discurso e a política social que envolve um processo sociopolitico, econômico e cultural que nos leva a desafiar e acreditar que a inclusão da literatura popular no sistema educacional de Assaré significa incorporar nossos valores numa perspectiva de falar a “língua dos homens”.
Portanto, é nessa perspectiva democrática e libertária que iremos instigar os educadores de Assaré a incluir no currículo das escolas de nosso município a disciplina que verse sobre a Cultura Popular ressaltando a obra de Patativa do Assaré.
A Poesia de Patativa: um esboço teórico
Embasado na concepção histórica – crítica encontramos na interpretação do pensamento marxista: “A realidade não é aquilo que herdados do passado, o mundo objetivo do qual nos descobrimos lançados, mas aquilo que as mãos podem fazer...” (ALVES, 1993, p.15) e estendendo – se na leitura, compreendemos que se a mão produz , a uma mente que pensa e em se tratando de Patativa do Assaré há em seu canto poético todo um fazer histórico. “Patativa penetra mais fundo na realidade do abandono sertanejo” (NUVEM, 1995, p.) porém não limita a versejar só a vida do homem do campo.
No clássico poema o “Alço e Gasolina” Patativa mostra um vasto conhecimento da mecânica de um carro, revela no “Disgosto de Medêno” as intrigas de família em tempo numa cidade do interior.
Patativa anuncia sua chegada no céu e seu encontro com o poeta Castro Alves na sua poesia “Morrer sem morrer de veras” e o faz de forma agradável e prazerosa.
Anuncia, denuncia o domínio de um capital externo determinando a vida da maioria do povo brasileiro.
Ave, Patativa. As Palavras são imperfeitas para tentar esboçar um perfil por mais apressado que seja, esgarçado e tênue, impreciso e rígido Patativa do Assaré é a própria voz que anuncia, conciliando a natureza e cultura, engenho e arte, razão e emoção. (CARVALHO, 2000, p.52).
A genialidade do nosso poeta atravessa fronteiras, observa Sales Andrade em seu trabalho monográfico (apud Rodrigues, 1996, p.50), transcrevendo o seguinte trecho de poesia:
Perdi meu ôio direito
ficando mesmo imperfeito
sem vê nem perto, nem longe,
mas logo me conformei
por saber que assim fiquei
parecido com Camões.
E comenta o professor Sales (Idem): “A falta de qualquer outro traço positivo no episódio, ressalta com humor a semelhança de sua desventura com a que vitimou Camões, mostrando – se orgulhoso e consolado por esse mistério, em afinidade entre ele e o bando português" e completando Sales Andrade ressaltamos o humor do poeta transforma um ato dramático em versos humorísticos e isso faz com que percebamos Patativa do Assaré como um alegre que brinca com a fatalidade da vida.
E nesse seu jeito de interagir com a vida que tem um reconhecimento de um Brasil inteiro, podendo se encontrar indícios de seu canto em ninhos internacionais.
Afirmar que a Educação é elitista na visão do poeta é pretensão, mas que ela ainda está muito distante das classes mais baixas é uma dura realidade que somos obrigados a conviver.
Em relação a situação do homem do campo, acreditamos que Patativa conta sua própria história em forma de versos, além de retratar a vida sofrida e cheia de adversidades que o sertanejo sofre em busca de sua sobrevivência.
A seca é fato que acontece em nosso “Torrão Querido”, desde a chegada dos portugueses, mas nada de concreto foi feito para acabar com esse problema social. Patativa com sua sapiência consegue ter uma visão crítica dos problemas que a seca atinge a nossa população do campo como demonstra o poema " O Nordestino em São Paulo":
Em conseqüência de uma seca horrível,
Para São Paulo o Nordestino vai
Leva no peito uma lembrança incrível
Da boa terra onde morreu seu pai
Quando noticia do Nordeste tem
Com um inverno de mandar plantar
maior saudade no seu peito vem,
escravizado sem poder voltar.
Porém em “A Triste Partida”, ele consegue traduzir toda a história de sofrimento que os retirantes da seca passam, da saída de seu habitat natural até sua chegada a terra de estranhos, onde se sujeitam a exploração, a escravidão e a discriminação.
Setembro passou com outubro
e novembro
já tamo em dezembro
Meu Deus, que é de nós?
Assim fala o pobre do seco nordeste,
Com medo da peste,
Da fome feroz.
A política é uma presença marcante na poesia de Patativa, onde a filosofia é o mote que evidencia a dialética social, pois sua poesia brota do seu intelecto, como “um pé de milho que ele roçava na Serra de Santana”.
Patativa nunca se preocupou com a censura, mesmo na repressão política e policial iniciada em 1964 e que durou por cerca de 20 anos. ele não deixou de gritar, através de sua poesia , a situação que o poder impôs a sociedade brasileira:
“Mote Glosas”
Quando passar a chacina
Que surge de dia a dia
E o tráfico de cocaína,
E a real democracia
Seguir os caminhos certos
E os Chicos Mendes libertos
Das balas dos pistoleiros,
Diremos em nossa terra
Por vale sertão e serra,
Viva o povo brasileiro
Quando o artista que tem fama
E ocupa o televisor,
ó apresentar programa
De moral, de paz e amor,
Quando o cruel mercenário
Este monstro sanguinário
Deixar de ganhar dinheiro
Pra matar seus semelhantes
E na houver assaltantes
Viva o povo brasileiro
Quando o infeliz agregado
Se libertar do patrão
Pra morar sucegado
No seu pedaço de chão,
Quando uma reforma agrária
Que sempre foi necessária
Para o caboclo roceiro,
Foi criada e registrada
Em nossa pátria adorada,
Viva o povo brasileiro
O sonho de nossa gente
Foi sempre viver feliz
Trabalhando independente
Em nosso grande pais,
Quando o momento chegar
do nosso Brasil pagar
o que deve ao estrangeiro,
o maior prazer teremos
e libertos gritaremos
viva o povo brasileiro!
Portanto, ANTONIO GONÇALVES DA SILVA , “Patativa do Assaré”, cuja a poesia se faz cidadã, atua na crítica do social e que não se descola daquela ancestralidade, do vigor de quem, como Adão, nomeia as coisas que estão no mundo, como afirma Carvalho (2000).
Entender a importância de Patativa do Assaré para a cultura popular brasileira é investigar o contexto histórico – cultural dos últimos anos, buscando uma identidade que traduza a universalidade poética do poeta e com isso inserir a sua vida e a sua obra no currículo das escolas da rede Municipal e conseqüentemente na Grade Curricular.
Porém mesmo cantando lá, o que se vivencia e de observa e sente cá em Assaré nas suas bibliotecas e escolas, é que não existem livros do profeta poeta.
Propondo uma Metodologia e Analisando a Discussão: inserção da poesia popular na grade curricular
Para investigarmos a cerca do relacionamento da poesia de Patativa com seus conterrâneos, optamos em trabalhar com as comunidades escolares das cinco regiões geográficas do município, pois acreditamos dessa forma atingirmos o universo populacional que comprove a validade da pesquisa. A amostra representa um quarto da população do município de cerca de 5 mil pessoas que foram investigadas.
A pretensão de realizar uma pesquisa explicativa possibilitou a identificação dos elementos que determinam a inaceitabilidade do poema e da vida de Patativa do Assaré nas escolas.
De início fizemos um seminário sobre o tema, voltado para as comunidade escolar das maiores escolas do município que perfaz um total de 08 escolas, que atingiu um universo de 5 mil pessoas ( professores, coordenador pedagógico, diretores, gestores).
No seminário foram aplicados questionários que buscaram informações dos participantes acerca da obra e vida do poeta. Com isso detectamos o grau de conhecimento da comunidade escolar em relação ao tema, subsidiando – nos na busca dos elementos explicativos da investigação proposta.
O número de participantes do seminário serviu como fator de entendimento a cerca do envolvimento da comunidade escolar com o poeta. Por se tratar de um número abrangente de pessoas que foram investigadas o seminário foi realizado através da EAD (Estudos a Distância) gravada em fita de vídeo e as respostas dos questionários foram entregues através de mensageiros e pesquisadores.
Feita a compreensão dos resultados dos seminários voltamos às comunidades escolares para uma apresentação de uma síntese dos trabalhos, momento esse, que foi presencial, pois objetivou sensibilizar toda comunidade escolar a aceitar a obra e poesia de Patativa enquanto componente curricular.
Após essa fase de fomentação para o estudo de obra e vida do poeta, criamos um sistema de tutoria usando os mecanismos convencionais e as novas tecnologias para que o tutor fizesse um acompanhamento das ações dos professores no processo de ensino/aprendizagem.
Devemos salientar que a Secretaria de Educação disponibilizou as sedes dos pólos com telefones, fax, salas de computadores e mensageiros para facilitar a interatividade entre os tutores, professores e alunos.
A inserção da disciplina de Cultura Popular no currículo escolar de Assaré passará inicialmente por um processo de capacitação com os núcleos gestores e professores das unidades escolares com profissionais estudiosos da área, que terão um acompanhamento sistemático e permanente por tutores habilitados.
Os diretores responsáveis pelas unidades escolares deverão se reunir uma vez por mês, sempre no último dia de cada mês, para junto com os tutores, analisar as dificuldades de cada escola. A cada mês os tutores se reunirão com os professores nos pólos para supervisionarem as práticas pedagógicas, e juntos encontrarem soluções para os problemas existentes.
Na segunda semana de janeiro haverá oficinas e planejamentos para todos os professores do ensino infantil e do ensino fundamental na sede dos municípios. A cada bimestre os tutores farão uma reunião com a comunidade escolar, sempre no final das avaliações, para que a mesma venha a ter participação na avaliação da escola, tanto no que diz respeito ao rendimento do aluno e conseqüentemente da escola e se ela está atendendo as expectativas da comunidade.
Os encontros com os tutores serão após as reuniões das comunidades e dos professores para avaliação do funcionamento do sistema educacional dos municípios.
Além dos encontros de capacitação programados no calendário, sempre que necessário haverá outros encontros. A cada encontro serão convidados professores especializados de órgãos governamentais e não governamentais, além dos tutores.
Nos encontros de capacitação quando o professor terá que se deslocar do seu lugar de origem, ele receberá uma bolsa para o pagamento de passagens e alimentação ficará por conta da Secretaria de Educação.
Os programas de habilitação dos professores leigos serão feitos em parceria: para os leigos do ensino médio com a secretaria de Educação Básica do Estado e para os leigos em Licenciatura Plena com a Universidade Regional do Cariri – URCA e a Universidade Estadual do Ceará – UECE.
Considerações Finais
A nossa expectativa com a implantação desse programa é muito grande, porque acreditamos que o poder público municipal, em parceria com órgãos governamentais e não governamentais, implemente e gerencie uma política educacional de qualidade e que conduza para um serviço viável em diferentes níveis.
O resgate da dignidade dos profissionais da educação, através de uma remuneração mais justa e condizente com a importância de seu papel, além de proporcionar um programa, onde o professor venha no decorrer de sua cidadania pedagógica se capacitando e participando ativamente das transformações sociais que a sociedade está passando.
Resgatar a confiança da Escola Pública Municipal principalmente quando se encontra uma rede de escolas com professores desestimulados, desacreditados, despreparados profissionalmente e mal remunerados.
Portanto, é preciso definir prioridades e o que achamos prioritário é resgatar a dignidade do professor, o que implica fornecer subsídios para que ele exerça de forma competente e responsável a sua função.
Referimo-nos a Patativa do Assaré, um ícone da cultura popular, que conduz em versos o universo dos excluídos socialmente. Em seu canto poético o Senhorzinho da Poesia é sensível com causas da mulher, do índio, do menor abandonado, do agricultor, dos sem teto e terra, entre outros problemas sociais brasileiros que Patativa anuncia e denuncia. Entretanto, a educação do município de Assaré não vem se aproveitando da produção cultural deste poeta popular que conta toda uma história de como vive a maior parcela do povo.
Nas escolas, os núcleos gestores, professores e alunos desconhecem a obra poética reflexológica do poeta e sua aparição nas mesmas e muito limitada, restringindo-se apenas a semana do seu aniversário em que alunos fazem cópias de algumas poesias ou de desenhos de fotografias. E isso só acontece há cerca de quatro anos
Embora leve o nome de Assaré as mais longínquas localidades, rompendo fronteiras internacionais na divulgação do seu nome e abrindo espaço em mercado turístico, em Assaré pouco se sabe da obra de Patativa, para ressaltar esse adversidade citada lembramos que não existe nenhum livro de sua autoria nas escolas e nas bibliotecas da cidade.
É pretensão nossa criar mecanismos e elementos que proporcione aos docentes de Assaré um projeto pedagógico que vise a implantação da disciplina Cultura Popular no currículo de nossas escolas, tendo como referência o Poeta Patativa do Assaré.
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