segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Um “dedim” de prosa sobre Assaré


Não foram os da Silva Pereira os primeiros a chegar às terras que constituem o território do primitivo Assaré.
Com essa afirmação não queremos contestar que seja Alexandre da Silva Pereira o fundador de Assaré, mas convém lembrar que o município originou-se de uma fazenda, muito embora não fora a única, porém foi a que mais prosperou o que deu direito de se tornar vila.
Alexandre da Silva Pereira adquiriu do Capitão João Alves Feitosa e sua mulher Maria Alvas Feitosa através de permuta de umas terras herdada de seu pai, Manoel da Silva Pereira, em São João do Príncipe, hoje Tauá, as sesmarias em 12 de dezembro de 1785, por escritura lavrada no lugar Boa Viagem, escrita pela mão do Frei Antonio Monte Alverne, com a permuta Alexandre ainda pagou mais $ 500.000 (quinhentos mil reis).

SESMARIAS: Área de terras, concedida pelo poder público, na área colonial, medindo uma légua de frente e três léguas de fundo. Mais precisamente 13.068 hectares de mata.

Ao estabelecer-se com sua família, Alexandre um homem de visão e empreendedorismo torna esse vasto campo em solo fértil apropriado à produção de algodão e a criação de gado e pelo fato da localização da sede ser o melhor caminho que ligaria as regiões do Cariri e Inhamuns, onde todo o escoamento da produção agrícola do sul do Ceará era armazenado e escoado a capital da província, tornou-se esse torrão um entreposto comercial, o que contribui para tornar logo um povoado.
Visando promover o povoamento Alexandre da Silva Pereira, seguindo a tradição nordestina, muito embora sua origem é portuguesa, começa a estruturar a fazenda,. Construindo a casa na sede, que segundo historiadores ficava na rua de baixo, que atualmente leva seu nome.
É certo que Alexandre da Silva Pereira não precisou brigar com os povos indígenas, os verdadeiros donos da terra, pois os mesmos já tinham abandonados sua região, se tem noticia que a ultima nação indígena dessa região foram os Karius, que foram dizimados na briga dos Feitosas do Inhamuns contra os Montes do Icó.
Vale ressaltar que com a posse dos Feitosas das sesmarias, que hoje é o nosso município, eles usaram os índios Karius na briga entre as duas famílias, contribuindo pela sua dizimação.
Sabe-se que essa região foi palco de vários conflitos indígenas, os primeiros donos são os Karius que foram expulsos de seu habitat em função da expulsão dos Kariris da região do Crato, Missão Velha, Barbalha, o Cariri Central, pela nação Tupi, que também foram expulsos do litoral nordestino.
Muitas influencias indígenas nós herdamos: na alimentação, na vestimenta, no comportamento, inclusive o nome do nosso torrão: para Paulino Nogueira, Assaré significa, corruptela de Içá; para Barão de Studart e Teodoro Sampaio, Aço, seguido da partícula afirmativa Ré, significa atalho, já o índio Cariri-Xocó, Nhenety, afirma que Aça – quer dizer olhos e Ré, sagrado, portanto em Kariri Acare quer dizer Olhos Sagrados, na língua dos Karius não temos informações, pois não existe nenhuma referencia atual com relação a remanescentes dessa nação indígena.







É importante salientar que ao se estabelecer com a família Alexandre de Silva Pereira trouxe escravos, que naquela época era única mão de obra existente, que contribuiu para formação de nosso povo, tanto geneticamente como nos costumes.
O inteligente proprietário aproveitando da facilidade de comunicação
E acesso entre regiões mais distantes, porque cruzavam as mais transitadas estradas daquela época: o Cariri ao Inhamuns por conseguinte ao Piauí,
O que contribuiu para o crescimento do povoado, que alem de se tornar um entreposto um centro de transição comercial.
Se tem noticia que visando o povoamento fez o proprietário diversas doações de terras para os parentes e amigos não esquecendo de deixar uma parte do patrimônio para futura freguesia.
A educação dos que aqui vieram ficar, inclusive a prole dos donos destas terras, Alexandre tratou de trazer um mestre de leitura, rezar e latim que era dirigida pela palmatória de José Serafim, isso aconteceu no século XVIII.
Sabemos que no período colonial os povoamentos cresciam lentamente, porém em 1823 um fato marcou o crescimento de Assaré, que tinha somente algumas moradias em torno da capelinha, que fora erguida por Alexandre Pereira sobre as bênçãos de N.S. das Dores, nossa padroeira, que também serviu de cemitério. O referido de fato, conhecido como a marcha do Caxias, que tinha a finalidade de sufocar os rebeldes do Piauí, o que transformou o povoado em um campo de concentração sob as ordens do comandante João da Silva Pereira, filho do nosso fundador.
Após três meses de acampamento, Tristão Gonçalves nomeado General em Chefe transfere o acampamento na Várzea de Vaca, sabe-se que Tristão Gonçalves e João Pereira eram opositores, mas sob a intervenção do Diácono Antonio Pereira, parente de ambos.
Mesmo com a saída das tropas o povoado continuou sendo um importante entreposto comercial e importante centro de criação, somente inferior a Quixeramobim e Tauá.
Após oito anos, 1831, ia ser elevado a distrito de paz, entretanto com a revolução encabeçada por Pinto Madeira irrompeu no Cariri correrias de liberais e concundas, causando aos nossos habitantes maiores deslocações, onde imperavam roubos, assassinatos, um anarquismo generalizado.
Somente em 1838, com o fim da revolução, passa à freguesia, no dia 1º de agosto, entretanto o local escolhido não foi o Assaré, mas em Santana do Brejo Grande (Santana do Cariri), num lugar despovoado, sem vias de comunicação, o contrario de Assaré que alem de ser mais povoado oferecia melhores condições para a sede da freguesia, nessa época Alexandre era o octagenário.
Em 1842, Assaré era elevado a distrito de paz, sendo nomeado juiz o capitão Antonio Gonçalves de Alencar Tamiarana, no mesmo começa a construção da igreja matriz, lugar que existia uma antiga igrejinha.
No ano de 1844 foi construído o açude bangüê, depois chamado de Nossa Senhora das Dores.
Sob a lei provincial nº.520 de 04 de dezembro de 1850 é transferida a sede de freguesia de Santana do Brejo Grande para o Assaré, isso ocorreu em virtude do assassinato de um Padre nos arredores do, hoje, distrito de Aratama e em retaliação a este fato Assaré passa a freguesia.
Em plena guerra da tríplice aliança: Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai, um verdadeiro genocídio aplicado a esse país que vivia num sistema verdadeiramente socialista, onde sem dúvida se não acontecesse esse massacre humano, Paraguai seria hoje uma das maiores potencias do mundo, não em armamento, mas em qualidade de vida do seu povo, uma pagina que nós não queremos registrar como um fato histórico, mas como desrespeito que o império brasileiro proporcionou, que denigre a historia de nosso povo que é marcado pela perseverança e pelos desgovernos que contribuíram pelo o status que de nossa sociedade.
Voltando aos fatos históricos de nosso município que foi criado sob resolução provincial de nº. 1.152, de 19 de julho de 1865, o Assaré é desmembrado de Saboeiro, entretanto somente a nova vila fora instalada em 11 de janeiro de 1869.










Em 1873 sob a lei nº. 1787, de 28 de dezembro, a comarca de Saboeiro é transferida para vila de Assaré, sendo seu primeiro juiz de Direito o Dr. Sousa Lima, que depois foi presidente da província do Piauí e que foi substituído pelo Dr. Francisco Garcia e em seguida pelo Dr. Manuel Candido Machado.







Em três de dezembro chegou o convite ao chefe dos liberais de Assaré o capitão Francisco Gomes de Oliveira Braga para comparecer urgente à capital para aderir a república o que resultou na sua volta em demissões e nomeações, além de adesões de lideranças ao movimento republicano. Na oportunidade ouve uma passeata, onde o povo assistiu com indiferença, fazendo parte delas somente os empregados do município e do estado.
Somente em 20 de dezembro de 1938 a vila passa à cidade pelo Decreto-Lei de nº. 448 de 20 de dezembro de 1938.






Não podemos informar quem foi o primeiro intendente de Assaré, pois era o nome dado ao chefe do poder executivo na época de nossa emancipação, porem o que nós pesquisamos através de vários registros em livros, anuários, artigos entre outras fontes vamos passar:
Queremos informar da importância da igreja católica para a existência de nosso município foi pela exigência dela ser construída a capela no local, onde hoje, está erguida a atual igreja, pois oi nosso fundador queria que a igreja fosse erguida nas proximidades do município de São Mateus (Jucás) na ribeira dos afluentes do rio Salgado, entretanto, por ser o Assaré o caminho mais próximo que ligava a sede da paróquia, Crato, ela fez exigências que contribuiu para o surgimento do nosso município.







No dia 11 de janeiro de 1969 teve a primeira sessão de inauguração da Câmara Municipal e consequentemente a instalação do Município de Assaré de fato e de direito, que teve como presidente da sessão o Presidente da Comarca o Padre Manoel Francisco de Araújo e como vereadores, que formavam o Conselho de Intendência: Jerônimo Pereira, José da Costa, Antonio Leite Leão e como suplentes: Antonio Paes Pereira, João Gonzaga e Francisco Sabino de Lima.
É importante salientar que de 1969 até a República competiam as câmaras o governo econômico e municipal das cidades e vilas.
Com a Proclamação da República, o Governo Provisório, que era constituído pelo Exército e Armada e de acordo com o Decreto no. 107 autorizou os Governadores dos Estados a dissolver as Câmaras Municipais e a organizar os respectivos serviços, desta forma composição do Conselho de Intendência de Assaré de 03 de fevereiro de 1890 a 12 de março de 1892 teve a seguinte composição:

NOME

DATAS
NOMEAÇÃO
EXONERAÇÃO
Francisco Gomes de Oliveira Braga
03/02/1890
13/02/1892
Pedro Onofre de Farias
03/02/1890
19/08/1891
Ignácio Soares Arraes
03/02/1890
06/07/1891
Antonio Mendes Bezerra
03/02/1890
22/08/1890
José Rodrigues Freire Dodô
03/02/1890
03/10/1890
Raimundo José Maria
22/08/1890
13/02/1892
Sebastião Ferreira de Sousa
22/08/1890
16/02/1891
José Luiz Pereira Freire
26/01/1891
01/09/1891
João Alexandrino de Alencar
31/08/1891
01/09/1891
Raymundo Ferreira de Sousa
31/08/1891
13/02/1892
Manoel da Silva Pereira
02/09/1891
13/02/1892
Raymundo Fernandes de Oliveira
02/09/1891
13/02/1892
Manoel Rodrigues Firmeza
13/02/1892
12/03/1892
João Chrisostomo da Silva Pereira
13/02/1892
12/03/1892
Antonio Claraval Catonho
13/02/1892
12/03/1892
Pedro Fernandes de Sousa
13/02/1892
12/03/1892

Foram Intendentes de Assaré de 1902 a 1914:

Antonio Alves Brandão – 1902
Antonio Mendes Bezerra – 1903
Pedro Pereira Tamiarama – 1904 a 1911
Raimundo de Matos Arraes – 1912
Hermenegildo Brito Firmeza - 1914 (Interino)
João Pereira Pinto 1914

Até o ano de 1914 os administradores municipais tinham a denominação de intendente, que eram nomeados pelo presidente de província, pois não tinha eleição para escolha dos administradores municipais, ressaltamos que a partir de 1915 passaram a ser chamados de Prefeitos:

João Pereira Pinto – 1915
Coronel Antonio Mendes Bezerra – 1916 (Provisório)
João Gualberto – 1916
João Pereira Pinto – 1917 (Provisório)
José Onofre de Souza Zeca Onofre) – 1917
Tertuliano Claraval Catonho 1920
Tertuliano Claraval Catonho – 1934 a 1942
Manoel Fernandes de Oliveira – 1942
Raimundo Claraval Catonho (Bel Catonho, filho de Tertuliano) – 1942 a 1945
José Romero – 1945
José Brilhante Paiva – 1945
Dr. Francisco Evandro Paiva Onofre – 1946
Tenente Francisco Bento – 1947
Clodoaldo Ribeiro – 1947: morreu no exercício do mandato assassinado num atrito com o sargento Audísio, Chefe do posto policial, que morreu na hora, em face de troca de tiros envolvendo os dois e só depois de algumas horas, após ser atendido pelos o farmacêutico Dr. Gentil Braga, veio a falecer com mais de três tiros.
Em 1947 na primeira eleição direta foi eleito, com o mandato único, o Sr. Raul Onofre que assumiu em 1948 e governou até 1951.
A eleição de 1950 foi disputada entre José Evandro Onofre e Dogivaldo Ribeiro Catonho (irmão de Clodoaldo), esse ultimo eleito.
Raul Onofre é eleito prefeito pela segunda vez em 1954, ganhando de Bel Catonho.
Na eleição de 1958 disputada entre Oséas Firmeza, Chico Sampaio e Dogivaldo Ribeiro, esse ultimo foi vencedor.
A eleição de 1962 foi a mais concorrida em números de candidatos, foram 04: Leovigídio Catonho; Raul Onofre; Gentil Braga e José Martins, saindo como vencedor Leovigidio Claraval Catonho.
Pela terceira vez Raul Onofre assume a prefeitura e ganha a disputa em 1966 do Tenente Martins.
Em 1972 se repete o que acontece em 1948, Vicente de Paula Rodrigues Paiva é eleito prefeito, sendo candidato único.
Pela quarta vez, portanto quem mais teve a frente do poder executivo municipal, em 1974 é eleito como candidato único o Sr. Raul Onofre.
Em 1976 numa disputa acirrada entre Vicente de Paula R. Paiva e José Teixeira é Eleito pela segunda vez Paulo Paiva, mantendo assim por mais um mandato a oligarquia política comandada por Raul Onofre.
Nas eleições de 1982, Raul Onofre mais uma vez se candidata e tem como seu opositor o recém reformado da policia militar de Bahia Pedro Gonçalves de Oliveira, primo de Patativa do Assaré, muito embora apoiado pela as grandes forças políticas do estado do Ceará, os coronéis e principalmente pelo Cel. Adauto Bezerra, Raul Onofre é derrotado e com isso acaba a hegemonia política da oligarquia dos Onofres e Paiva.
Com o fim desta oligarquia surge novas lideranças políticas, é o caso de Pedro Gonçalves e Antonio Benjamim de Oliveira Filho que fora eleito prefeito em 1988.
Com o apoio de Oliveira, Pedro Gonçalves é eleito mais uma vez Prefeito com a maior margem de votos da história, do seu opositor Dr. Francisco Mota, isso aconteceu nas eleições de 1992.
No ano de 1996 são candidatos: Dr. Maurício Mota, Dr Benjamim de Oliveira e pela primeira vez uma mulher e o partido dos trabalhadores lançou uma candidata, a Sra. Francimeire Dias, sendo eleito mais uma vez o Dr. Oliveira.
Talvez na história do Assaré nunca houve uma disputa tão acirrada quanto a do ano de 2000, pelo um lado disputando a reeleição, a primeira da história para prefeito, Dr. Oliveira e pelo outro o candidato Humberto Alencar, que embalado pelo discurso da esquerda e o crescimento do nome do futuro presidente do Brasil, Lula da Silva, disputam voto a voto a preferência do eleitorado, quando por somente 36 votos vence o Dr. Oliveira para seu terceiro mandato.
Nas eleições de 2004 mais uma vez Humberto Alencar é candidato, agora por um partido de direita, o Partido Progressista, que tem como maior referência o Sr. Paulo Salim Maluf, presidente do honorário do referido partido, sai vencedor o candidato Evanderto Almeida, apoiado por Oliveira.
Nas eleições de 2008 saíram três candidatos: Francisco Evanderto Almeida, candidato a reeleição, pelo PSDB, Antonio Humberto Alencar, pelo PPS e Antonio Benjamim de Oliveira Filho, pelo PMDB, que pleiteava o seu quarto mandato, tendo como eleito Evanderto Almeida para o mandato de 2009 a 2012.






Como dissemos anteriormente escreveríamos somente um dedim de prosa sobre o Assaré, que tem uma história muito bonita, porém com essa pesquisa nos obriga a escrever um livro sobre esta terra tão querida pelo imortal Patativa do Assaré, que terá um só capitulo sobre sua vida, obra e imortalidade.

PARA PESQUISAR

Não esqueça só é um dedim de prosa, faça deste texto um apoio para que você mesmo reescreva uma história de seu município, mais não esqueça de começar pela história de sua família.

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