sexta-feira, 14 de agosto de 2009

PRÉ PROJETO

Formação para Professores da Educação de Jovens e Adultos.
Francisco Eugênio Costa Oliveira
“Não há mudança sem sonho como não há sonho sem esperança”
Paulo Freire

INTRODUÇÃO

A revolução da educação brasileira que sonhamos não visa igualar nossa diversidade cultural, pois é na diversidade do sujeito que buscamos e construímos a sociedade que sonhamos.
Participar do Programa de Educação de Jovens e Adultos é ter consciência de estar participando de uma ação desafiadora e requer do profissional o exercício pleno da democracia.
O sonho de tornar a nossa sociedade mais justa é alimentado pela vontade do professor incluir todos na diversidade social. E, para isso, é necessário o exercício pleno do direito que possibilite ao educando a liberdade de ser e viver.
A luta pela conquista de espaços na sociedade não é uma ação do eu, mas um ato do coletivo e que esteja alicerçado nos princípios da democracia e radicalmente uma ação do sujeito provido de amor pelo que faz.
Lembramos que o educador e a educadora são diferentes em relação aos educandos, que são diferentes entre si, não são superiores nem inferiores, mas com visões diferentes do mundo e são nessas diferenças que aprendemos a dialogar e nesse dialogo é que buscamos e construímos novos conhecimentos.
A escola é um instrumento de busca e não um espaço de assistencialismo e não podemos definir a Educação de Jovens e Adultos como um programa assistencialista, mas como um programa de resgate da cidadania.
A educação de Jovens e Adultos busca no seu objetivo a descoberta da libertação para aqueles que não tiveram oportunidades de participar dos projetos e programas da sociedade estratificadora.
Somos responsáveis em caminhar na construção de uma escola, onde o diálogo entre o empírico e científico fundamenta a troca de saberes para a sustentabilidade social, tendo consciência que somos diferentes como seres humanos e iguais como cidadãos.
A expectativa e motivação do educando nessa modalidade de ensino é o de melhorar a sua qualidade de vida no que diz respeito ao um emprego melhor, entretanto na nossa sociedade que tem na sua base uma grande maioria que vive ou viveu na agricultura de subsistência busca a “entender melhor as coisas do mundo”. Porém, não podemos alimentar essa ideia, porque na bagagem desse aluno vem o conhecimento informal, que é a base da sua história pessoal e profissional e que será o alicerce para nova história que ele irá construir.
Nesse sentido, os alunos da Educação de Jovens e Adultos precisam ver na escola um espaço que atenda as suas necessidades como pessoas e cidadãos, cuja sua fome de aprender, deva ser a motivação do professor para tornar suas aulas momentos de busca e aprendizagem.


“Que a justiça social se implante antes da caridade”
Paulo Freire


OBJETIVO GERAL

Estimular o jovem e o adulto o gosto pela escola, criando ações que fomente o interesse pela aprendizagem, bem como a sua permanência na sala de aula.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Favorecer ao aluno da Educação de Jovens e Adultos um ambiente escolar que estimule a reflexão e o pensar, aproveitando a sua realidade como forma de fomentação à aprendizagem;
Valorizar a diversidade cultural, respeitando as diferenças;
Exercitar com responsabilidade a convivência em diferentes espaços sociais;
Aumentar a autoestima do aluno, fortalecendo a confiança na sua capacidade de aprendizagem;
Valorizar a educação como meio de desenvolvimento pessoal, social e profissional;
Desempenhar de modo consciente e responsável o seu papel de agente de transformação social;
Desenvolver atitudes participativas, buscando o conhecimento dos direitos e deveres objetivando o gozo pleno da cidadania.
Construir referenciais teórico-práticos que fundamentem no processo de formação inicial de professores uma concepção de docência enquanto trabalho humano;
Exercitar a reflexão sobre o trabalho do professor enquanto atividade que constrói e reconstrói sua identidade profissional.

“Sou poeta popular
Vivi sempre a versejar
Sem ter de letra instrução,
Nunca frequentei colégio
Porém tenho o privilégio
De louvar a Educação”.
Patativa do Assaré

Metodologia

A Educação de Jovens e Adultos requer dos professores que estejam dispostos a examinar ideias, a comprometer-se com a investigação e respeitar os jovens e adultos que pretendem aprender a adentrar no mundo até então desconhecido.
A rotina de trabalho de um professor de jovens e adultos tem que ser permeada através de descobertas adquiridas na vida e na história de seus alunos, onde o saber empírico passe a fazer parte do seu cotidiano.
A avaliação tem caráter eminentemente operacional, como base para o planejamento dos espaços e problemas que o professor deverá utilizar para ajudar o aluno a percorrer a instigante trajetória rumo à leitura e à escrita de um texto.
Trabalhar unidades temáticas voltadas na realidade dos alunos desenvolvendo trabalhos, que os levem a reflexão e que os levem a fazer comparações de suas vidas pessoais e profissionais.
Abordagem dos conteúdos curriculares não apenas no nível conceitual, mas, sobretudo nas ações e relações vivenciais:

Inclusão dos agentes e de seus saberes nos processos de ensino e de aprendizagem;
Enfrentamento do desafio da transversalidade com vistas a ampliação e aprofundamento do processo de humanização;
Elaborar técnicas de dinâmica de grupo para reflexão de práticas cotidianas relacionadas ao exercício da cidadania;
Desenvolver oficinas relativas ao cotidiano dos alunos elaborando cartazes confrontando a realidade e os conceitos de cidadania.
Leituras de textos com uma linguagem voltada para realidade do aluno, tendo como referência cordéis e ou poesias populares;
Seleção de recursos materiais e técnicas de ensino;
Organização de um espaço para a exposição dos trabalhos produzidos pelos alunos: textos, trabalhos desenvolvidos no decorrer do processo desenvolvido em todo processo.
Avaliar, portanto não é nenhum julgamento de mérito dos alunos, aprovando-os ou reprovando-os, mas, simplesmente é um suporte para o professor conduzir sua atuação.
A avaliação diagnóstica para saber a história e a vida do aluno é o ponto de partida para o planejamento eficaz e voltado para a realidade de nossos educandos.

UMA ABORDAGEM CURRICULAR: CIDADANIA

O contexto específico da escola contribui para o desenvolvimento da temática do projeto, sobretudo no que se refere:
- Irregularidade da freqüência dos alunos no decorrer do período letivo;
- A resistência dos estudantes em participar de atividades.
Neste sentido, jovens e adultos faltaria uma compreensão e usufruto de aspectos fundamentais do exercício da cidadania. Desta maneira, o desenvolvimento do projeto tem como objetivo principal oportunizar o desenvolvimento da capacidade de reflexão crítica e de busca de soluções diante de situações vividas no cotidiano do cidadão ou cidadã, dentro e fora da sala de aula, respeitando a Lei de Diretrizes e Base da Educação e as Resoluções do Conselho Nacional e Estadual de Educação, quanto as Diretrizes Curriculares Nacionais, entretanto desfiando os educadores a estarem em constantes construções, segundo Resolução do CNE/CEB de no. 02/98 de , de 07 de abril de 1998:
Art.3º. São as seguintes as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental:
I - As escolas deverão estabelecer como norteadores de suas ações pedagógicas:
a) os princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum;
b) os princípios dos Direitos e Deveres da Cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática;
c) os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais.
II - Ao definir suas propostas pedagógicas, as escolas deverão explicitar o reconhecimento da identidade pessoal de alunos, professores e outros profissionais e a identidade de cada unidade escolar e de seus respectivos sistemas de ensino.

Buscamos proporcionar aos professores da Educação de Jovens e Adultos práticas educacionais que busquem a qualidade do ensino nessa modalidade de ensino e que o conceito de Cidadania seja construída através da vida e do cotidiano do aluno, sendo necessário que os educadores estejam aptos a respeitar as diversidades sociais e culturais e busquem na prática meios que ofereçam condições aos alunos e a comunidade novas descobertas que contribua para construção da cidadania e proporcione a todos envolvidos melhores condições de vida.

CRONOGRAMA

Avaliação Diagnóstica da comunidade a ser atendida;
Formação Inicial com fundamentação teórica baseado no método Paulo Freire;
Início das atividades escolares com atividades sensibilizadoras e incentivadoras;
Encontros com os professores a cada 15 dias com a participação de representantes dos alunos para a construção das rotinas de trabalho que serão desenvolvidas nos próximos dias;
Avaliações diagnósticas e formativas a cada final de mês;
Planejamento pedagógico das atividades com fundamentação teórica a cada mês.


AVALIAÇÃO

O projeto busca desenvolver ações que possibilitará a formação inicial de professores com fundamentação teórica e prática em que saberes empírico e saberes teóricos se transformem e favoreça a permanente reflexão sobre a atividade de ensino. Isso nos remete a acreditar que o professor enquanto sujeito do processo constrói um saber próprio a partir da realidade da escola e do aluno, buscando superar as dificuldades e encontrando meios que facilitem a aprendizagem, eliminando a evasão e o desinteresse da comunidade pela Educação de Jovens e Adultos, porém não se esquecendo que o trabalho coletivo favorece a construção da identidade da escola, inspirada na identidade do aluno e comunidade e é nessa dinâmica de busca que verdadeiramente construímos uma Educação de qualidade.
Nessa modalidade de ensino o grande desafio não está no combate a evasão, mas o de encorajar os jovens e adultos a pensar, a discutir, a conversar e raciocinar sobre o mundo e nele se sentir sujeito, pois só o sujeito é quem busca as transformações sociais e é nesse encontro da vida e conhecimento que a escola torna-se prazerosa.
A evasão na escola transforma as vantagens, os anseios e a fome de aprender e ensinar do educando em desestímulo.
Precisamos ter a consciência de que somos eternos aprendizes e que na condição de sujeito temos que nos desafiar a todo instante e é nessa condição de desafiadores que buscamos conhecer nos educandos o alicerce dos currículos escolares.
A nossa escola se fundamenta na busca da cidadania, portanto ela tem que ser uma escola que ensina para e pela cidadania, ela forma o cidadão que participa na construção da sociedade, um cidadão pleno, não um cidadão puro de consumidor.
Precisamos nos despir e nos transformar nos conceitos de cidadania, para juntos construir uma escola verdadeiramente democrática e cidadã.
Na escola cidadã o conhecimento não é um objeto descartável, mas uma ação de busca continua.

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